Salto: Decisão sobre IOF deveria ter sido melhor coordenada
Ao antecipar o anúncio de medidas que determinariam o congelamento de R$ 31,3 bilhões do Orçamento, além da elevação do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), o ministro dos Transportes, Renan Filho, revela a confusão existente dentro do próprio governo Lula (PT), analisou o colunista Felipe Salto durante o UOL News, do Canal UOL.
Eu acho que isso foi uma grande confusão. Quem tem que anunciar qualquer coisa sobre a área econômica é o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a ministra Simone Tebet, que também cuida da pasta do Orçamento. Aí vem o outro ministro, que não tem nada a ver com o 'peixe' e anuncia antes, sem detalhes...
Claro que, como era uma notícia positiva, acabou ajudando. Mas aí a coisa do IOF prejudicou, porque o mercado começou a especular ('quais medidas do IOF?', 'que setores seriam afetados?'). Isso mostra uma desorganização ao transmitir até notícias que são positivas. Felipe Salto, colunista do UOL
O contingenciamento de R$ 20,7 bilhões e o bloqueio de R$ 10,6 bilhões fazem parte do primeiro Relatório Bimestral de Receitas e Despesas apresentado neste ano. O documento, que deveria ter sido divulgado em março, orienta as diretrizes para a distribuição dos gastos entre os ministérios e órgãos que integram os Três Poderes.
Renan Filho 'furou' após a equipe econômica e antecipou as medidas após a realização do leilão da rodovia BR-163, na B3. O objetivo das ações do governo é alcançar o cumprimento das metas do arcabouço fiscal.
Ao Canal UOL, Salto avaliou as medidas tomadas pelo governo como positivas.
O que dá para a gente ler desse corte de R$ 31,3 bilhões é que se trata de um anúncio positivo e mostra o comprometimento do Ministério da Fazenda, do Planejamento e governo em geral com a entrega de um compromisso fiscal mínimo, que é a meta zero de resultado primário. O corte, na nossa conta, é mais do que suficiente para entregar esse objetivo mínimo.
O único problema é que também foi anunciado o aumento do IOF. O governo está considerando o aumento de R$ 20 bilhões na arrecadação já neste ano. Isso poder estar superestimado e representar um risco para essas contas que foram apresentadas hoje. Felipe Salto, colunista do UOL
A equipe econômica persegue o fim do déficit primário neste ano. Para isso, as receitas e as despesas devem ser equivalentes e superar em, no máximo, o intervalo de tolerância de R$ 31 bilhões, correspondente a 0,25% do PIB (Produto Interno Bruto).
Projeções e texto aprovado pelo Congresso
As projeções apontam para o déficit de R$ 72,68 bilhões neste ano. A expectativa integra a edição mais recente do Prisma Fiscal, relatório com expectativas dos analistas de mercado para o Resultado Primário do Governo Central. A atualização de maio representou uma melhora das projeções pelo sexto mês consecutivo.
O texto aprovado pelo Congresso prevê déficit de R$ 40,4 bilhões. O valor estimado representa 0,33% da soma de bens e serviços finais produzidos no Brasil. Mesmo com o valor 0,08 ponto percentual acima do limite, o saldo primário previsto fica no campo positivo em R$ 15 bilhões. Isso acontece devido à exclusão dos precatórios, pagamento do governo com perdas judiciais.
Aumento do IOF derruba Bolsa e dólar fecha em alta
Após o anúncio das medidas, a Bolsa de Valores brasileira ultraou os 138 mil pontos e o dólar comercial intensificou sua queda. Minutos depois, no entanto, a moeda americana começou a se valorizar e a Bolsa ou a cair. Depois de recuar 0,58% e ser vendido a R$ 5,611, o dólar fechou a quinta-feira 0,32% mais caro que no dia anterior, vendido a R$ 5,661. Já a Bolsa fechou em queda de 0,44%.
O mercado ficou insatisfeito com a decisão do governo de aumentar o IOF, anúncio feito junto com o congelamento de gastos, e em razão do aumento das despesas e da queda na arrecadação federal. A aprovação de um projeto de lei nos Estados Unidos aumentou a instabilidade.
O UOL News vai ao ar de segunda a sexta-feira em duas edições: às 10h, com apresentação de Fabíola Cidral, e às 17h, com Diego Sarza. Aos sábados, o programa é exibido às 11h e 17h, e aos domingos, às 17h.
Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL. O Canal UOL também está disponível na Claro (canal nº 549), Vivo TV (canal nº 613), Sky (canal nº 88), Oi TV (canal nº 140), TVRO Embratel (canal nº 546), Zapping (canal nº 64), Samsung TV Plus (canal nº 2074) e no UOL Play.