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Galípolo defende autonomia do BC, mas chama de 'perfeitas' falas de Haddad

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo - Jose Cruz/Agência Brasil
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo Imagem: Jose Cruz/Agência Brasil

Hygino Vasconcellos

Colaboração para o UOL

23/05/2025 14h45

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, defendeu hoje a autonomia do Banco Central e classificou como "perfeitas" as falas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que disse ontem que não revisava decisões do BC. As declarações ocorreram após anúncio de mudanças no IOF.

Galipolo participou de palestra de forma remota ao 11º Seminário Anual de Política Monetária, organizado pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), no Rio, hoje.

O que aconteceu

Presidente do BC diz que falas de Haddad foram "perfeitas". Porém, Galípolo observou que tem "zelo" com a separação institucional, o que não significa não ter diálogo entre as instituições. Ontem, o ministro Fernando Haddad afirmou que cada um tem um mandato. "Não reviso decisões do BC", disse. O ministro disse que conversa com Gabriel Galípolo frequentemente e avisou que haveria medidas sobre receita e despesa. "BC não analisa decisões do presidente da República, não é esse o procedimento."

Quando ele fala que não há negociação com o Banco Central, que não há revisão por parte do Banco Central em medidas que são tomadas pelo Ministério da Fazenda é absolutamente perfeito o ministro da Fazenda demonstrando o zelo que ele tem pela questão institucional de cada mandato. É dessa maneira mesmo. Não submete para ser discutido - e o inverso é verdadeiro.
Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central

Presidente do Banco Central disse que qualquer decisão da política fiscal ou monetária vai gerar "insatisfação" de algum setor da economia. "É da natureza dos trade-offs da decisão econômica que vai ter ônus e bônus. Quem vai sentir o ônus vai se fechar, apresentar contestação", disse Galípolo.

Galípolo disse que soube das mudanças no IOF para remessas para o exterior na coletiva de imprensa de ontem. E que a revisão rápida deste ponto pelo governo foi acertada e mostra que Haddad "ouviu o mercado".

Galípolo reafirmou a autonomia do Banco Central. Na fala durante o evento, o presidente da autoridade monetária reforçou que é o primeiro presidente a assumir um BC autônomo. "Tenho zelo ainda maior pela devida separação institucional da política e do Ministério da Fazenda e das competências de cada um. Isso não significa que não tenha que existir diálogo, isso não significa que não precisa existir tentativas de harmonização, troca de informações, tudo isso ocorre. Eu sou muito zeloso e os ministros também pela devida separação funcional de cada mandatos e competências", observou Galípolo.

Presidente do Banco Central reconheceu que as taxas de juros do Brasil estão altas. E observou que não há discussão se esse patamar é ou não contracionista (medida que visa reduzir a oferta de dinheiro e crédito na economia, com o objetivo de controlar a inflação e desaquecer a atividade econômica). "Nós sabemos que fizemos isso." Para o presidente do Banco Central, essa situação é relacionada ao dinamismo da economia brasileira nos últimos anos. Porém, Galípolo observou que a taxa de juros elevada deve permanecer "por um período mais prolongado" para produzir convergência da inflação.

A gente está em momento de preservar a flexibilidade, alternativas e, como o professor falou, o mundo está mais incerto, volátil e há cada vez mais notícias que impactam os preços, dos ativos. E num mundo como esse, faz bastante sentido a gente preservar a flexibilidade para a autoridade monetária. Nosso papel é muito mais comunicar como vamos reagir, qual é a nossa função de reação, ao invés de dizer o que nós vamos fazer. Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central do Brasil

Galípolo desistiu de viajar para o Rio. O presidente do BC, que iria participar presencialmente do evento mudou de planos após o anúncio das mudanças no IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) feito pela equipe econômica na quinta-feira. Galípolo não foi comunicado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad sobre as mudanças.

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