Separadas ao nascer, irmãs gêmeas se reencontram após quase 70 anos

Maria Odete Muller, 69, foi entregue para a adoção ao nascer, em Sobradinho, no Rio Grande do Sul. Já sua irmã gêmea permaneceu com a família biológica.
A mãe, na época, não tinha condições de cuidar de duas crianças, por isso tomou essa decisão de separá-las. Foram necessários quase 70 anos para que elas se reencontrassem pela primeira vez.
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Desde 2019, Maria Odete mora na Asan, um lar de idosos em Santa Cruz do Sul (RS). Foi uma parente da família adotiva de Maria Odete que comentou com os funcionários sobre a existência da irmã.
"Uma prima da Maria Odete nos contou, durante uma visita, que ela tinha uma irmã gêmea. Então, resolvemos investigar", diz a assistente social Claudia da Costa, 29, ao UOL. Foi ela quem buscou os documentos para encontrar a irmã perdida.
Não demorou para que Maria Claudete fosse localizada. Em uma semana, os registros já haviam sido checados no cartório de Sobradinho, que confirmou o paradeiro e que ela estava viva —ainda morando na região.
Liguei para o cartório e eles confirmaram que, no registro de nascimento da Maria Odete, constava a informação da irmã gêmea. Verifiquei se ela não havia mudado de sobrenome devido ao casamento e se não existia nenhum registro de óbito.
Claudia da Costa
O reencontro
Maria Claudete Muller agora tinha o sobrenome Pereira. Seu nome tinha mudado com o casamento. O o seguinte foi contatar o Cras (Centro de Referência de Assistência Social) e pedir apoio para localizá-la na cidade, que é pequena.
"Eles a encontraram e perguntaram se ela estava disposta a conhecer a irmã", conta Claudia. A resposta foi positiva e o encontro então foi organizado.
À RBS TV, afiliada da TV Globo, a filha de Maria Claudete disse que a família sabia da existência da irmã gêmea, mas acreditava que ela tinha morrido. A família tinha apenas uma foto enviada por Maria Odete quando ela completou 15 anos.
"Nós não sabíamos onde ela estava, eu achava que ela tinha falecido", disse Maria Claudete à RBS TV.
Maria Claudete foi visitar a irmã na Asan. E o abraço, tão esperado, aconteceu pela primeira vez no dia 22 de maio.
"Fiquei contente. É bom que ela apareceu e veio me ver", disse Maria Odete na tarde em que conversou com o UOL. Na manhã daquele dia, ela já havia falado com a irmã por videochamada.
'A família ficou grande'
Segundo Claudia, Maria Odete costuma receber visitas esporádicas. Agora, está ainda mais feliz por reencontrar parte de sua família.
"A família ficou grande. Maria Claudete tem quatro filhos, já adultos e casados. Também tem netos. Foi uma felicidade imensa e muito emocionante promover esse reencontro. Para mim, não há dinheiro que pague, especialmente na minha trajetória profissional", afirma Claudia. Ela diz que se lembrará dessa história para sempre.
O próximo encontro das irmãs será na casa de Maria Claudete, em Sobradinho. Agora, elas não se separam mais.