Artista e modelo: quem é a stalker que fez 500 ligações a médico em um dia

A Justiça de Minas Gerais condenou Kawara Welch Ramos de Medeiros a 10 anos, 7 meses e dois dias de prisão. Ela ou anos perseguindo um médico no estado, chegando a enviar 1.300 mensagens e fazer 500 ligações para a vítima em um dia. Cabe recurso da decisão.
Quem é Kawara Welch
Kawara Welch Ramos de Medeiros tem 24 anos e se apresentava nas redes sociais como artista plástica e modelo. A jovem cursava nutrição em uma universidade em Uberlândia, Minas Gerais.
Primeira publicação no Instagram foi feita em abril de 2015. Na rede social, ela costuma compartilhar selfies, fotografias feitas em ensaios, momentos em família e amigos, e também seus quadros.
A maioria dos quadros compartilhados por Kawara retrata paisagens e flores. Alguns deles, porém, trazem ilustrações de corações humanos. Outra obra, chamada por ela de "Nas Asas da Justiça", retrata uma mulher com os cabelos castanhos e longos, asas, vendada, segurando uma espada e uma balança.
O que aconteceu
Kawara Welch era paciente de um médico que atendia na cidade de Ituiutaba, Minas Gerais. Ela começou a perseguí-lo em 2019, dizendo que estava apaixonada pelo profissional.
Após ser retirada da lista de pacientes do médico devido às perseguições, as ameaças se intensificaram. Ela continuou a enviar mensagens, fazer ligações e perseguir familiares do médico.
Além das ligações, Kawara enviou 1.300 mensagens. Ela também cadastrou mais de 2.000 números de telefone após ser bloqueada sucessivamente pelo médico. A artista plástica tentava contato de inúmeras formas. Ela enviava emails, perseguia na rua, ia até o local de trabalho da vítima e até na casa dele.
O médico e a esposa dele registraram aproximadamente 30 boletins de ocorrência por ameaça, perturbação do sossego, lesão corporal e extorsão. Apesar disso, o mandado de prisão foi expedido pela Justiça após a mulher roubar o celular da esposa do médico.
A autora já havia sido detida em flagrante em duas ocasiões anteriores por ameaça, extorsão e furto qualificado. Ela foi solta pela Justiça com a imposição de medidas cautelares que ela posteriormente violou. Kawara estava foragida desde março do ano ado.
O que aconteceu
Artista plástica foi condenada por crimes de perseguição contra o médico, a esposa dele e o filho do casal. Ela também vai responder pelo roubo das chaves de um carro e do celular da esposa do profissional com uso de violência e por desobedecer decisão judicial de medidas protetivas.
A maior pena de Kawara foi pelo crime de roubo, com 6 anos e 8 meses de condenação. A avó dela, Dalva Ramos, também foi condenada ao mesmo período de reclusão pela subtração dos itens. Em interrogatórios policial e judicial, Dalva negou o roubo e a agressão à mulher do médico. Porém, no decorrer do processo, a avó de Kawara itiu ter pegado o celular, mas por pensar que era o seu.
Decisão aponta que a perseguição ocorreu entre 2020 e 2023. Kawara utilizava recursos tecnológicos para monitorar as vítimas, vigiava o médico, a companheira dele e o filho do casal, e chegou a fazer montagem da esposa do profissional com outros homens. A esposa do profissional da saúde desenvolveu síndrome do pânico e insônia após o caso, segundo o documento.
Apesar da condenação, a Justiça decidiu manter a prisão domiciliar de Kawara. O magistrado André Luiz Oliveira manteve a domiciliar por entender que não houve nenhum fato novo que justificasse a mudança de regime da condenada. Ela foi presa em maio de 2024 e ficou detida até este mês. O judiciário também determinou que Dalva continue respondendo ao processo em liberdade.
Justiça determinou que Kawara e Dalva paguem R$ 33.500 de indenização ao médico e família por danos morais e materiais. O UOL procurou o advogado do médico, Hudson de Freitas, mas ele afirmou que não vai se manifestar em virtude de o processo estar em segredo de Justiça.
A reportagem entrou em contato com a defesa das condenadas e aguarda retorno. O texto será atualizado tão logo haja manifestação.
*Com reportagem de maio de 2024