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Alvo da PGR, Eduardo diz que 'STF faz extorsão com os outros Poderes'

Deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) - Saul Loeb / AFP
Deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) Imagem: Saul Loeb / AFP
do UOL

Do UOL, em São Paulo

30/05/2025 10h19

Investigado pela PGR (Procuradoria-Geral da República) por suposta articulação de sanções internacionais contra o ministro do STF Alexandre de Moraes, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) acusou o Supremo de fazer "extorsão" com os demais Poderes.

Em entrevista à revista Veja em Dallas, onde tem vivido os últimos meses nos Estados Unidos, Eduardo insistiu nas críticas a Moraes. Chamou o ministro de "tirano", disse que ele comete "sucessivos abusos" e repetiu haver uma perseguição política em curso no Brasil, que o motivou a pedir licença do mandato e viajar para os EUA, onde tem feito articulações contra Moraes.

Eduardo ainda assumiu que pode ser candidato à Presidência em 2026, em substituição ao seu pai e ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), inelegível até 2030 e alvo de uma ação penal no STF que pode levá-lo à prisão. "Se for uma missão dada pelo meu pai, vou cumprir", afirmou.

STF faz 'extorsão' com outros Poderes

Eduardo afirmou que o Congresso Nacional vive "sob ameaça" do STF. Segundo o deputado licenciado, isso fez com que o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), mudasse seu discurso sobre os atos golpistas do 8 de Janeiro após participar de um jantar com Alexandre de Moraes.

Em abril, a PF, o MPF (Ministério Público Federal) e a CGU (Controladoria-Geral da União) realizaram uma operação contra fraudes em licitações em Patos (PB), cidade istrada por Nabor Wanderley, pai do presidente da Câmara. A investigação, que teve sua primeira operação em setembro do ano adio, aponta um possível conluio para beneficiar a empresa que venceu licitação para obras em uma avenida da cidade. Elas foram financiadas com R$ 4,7 milhões em emendas de relator ("orçamento secreto") enviadas por Motta.

O Congresso Nacional hoje vive sob ameaça. Você viu o que aconteceu quando o presidente da Câmara, o Hugo Motta, foi eleito? A Polícia Federal fez uma operação contra a pequena prefeitura comandada pelo pai do Hugo Motta. Dias depois, ele teve um jantar com Alexandre de Moraes e, na sequência, mudou o seu discurso sobre o 8 de Janeiro. O STF se relaciona na base da extorsão com os outros Poderes.

O Brasil deveria ter tido a decência de conseguir parar o Alexandre de Moraes. Isso não aconteceu. Por isso, tivemos que recorrer aqui às autoridades americanas.
Eduardo Bolsonaro (PL-SP), deputado federal licenciado

Sanções contra Moraes

Eduardo, que articula com autoridades americanas sanções contra Moraes, disse ver "99% de chance" de os EUA aplicarem punições ao ministro. Afirmou também que as investigações da PGR contra ele mostram ao mundo que o Brasil vive um "regime de exceção".

Como mostrou o UOL, não vigora no país um estado de exceção. O Brasil vive o chamado Estado democrático de Direito, respeitando a Constituição de 1988.

Não dá para falar em 100%, mas eu diria que há 99% de chance. O Brasil deveria ter tido a decência de conseguir parar o Alexandre de Moraes. Não aconteceu. Por isso, tivemos que recorrer aqui às autoridades americanas. Vamos dar assim o primeiro o para resgatar a democracia brasileira. O STF hoje derruba aquilo que foi aprovado pelo Congresso. Não é uma democracia saudável.

A investigação contra mim deu a oportunidade de provar aos americanos e ao mundo tudo o que sempre falamos: que de fato o Brasil está vivendo um regime de exceção.

Volta ao Brasil

Eduardo afirmou que é preciso "resgatar as liberdades" para que ele retorne ao Brasil. O deputado deixou o país sob justificativa de que poderia ser preso ao retornar, mas não havia evidências na época de que isso poderia ocorrer.

À época, o STF chegou a negar um pedido do PT para apreender o aporte do parlamentar. Eduardo só ou a ser investigado recentemente, após Moraes autorizar abertura de inquérito contra ele por articular contra a Corte.

Para voltar para o Brasil, a gente tem que ter uma segurança mínima de um ambiente onde um deputado federal vai
poder falar e não ser investigado, como eu estou sendo agora. A gente tem muita coisa para mudar. Primeiro, precisamos resgatar as liberdades. Depois, a gente tem que mudar um pouquinho as condições do Brasil, para que não seja mais o sonho da classe média ter um carro à prova de bala.

Candidatura à Presidência em 2026

Eduardo assumiu que pode concorrer à Presidência em 2026, caso seja escolhido pelo pai. Disse também que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) tem uma "rejeição muito baixa" para disputar.

Obviamente, se for uma missão dada pelo meu pai, vou cumprir. Inclusive meu nome já figurou em algumas pesquisas, né? Fiquei feliz. Mas eu acho que, numa democracia normal, quem deveria ser o candidato é o Jair Bolsonaro, que inclusive lidera diversas pesquisas

A Michelle tem uma rejeição muito baixa, um discurso muito próximo das pessoas evangélicas e da pauta das mulheres. Mas é o Jair Bolsonaro, na verdade, quem vai decidir. Acho que vai ser difícil tirar dele a possibilidade de concorrer. Mais uma vez, acredito que há uma chance, que há uma luz no fim do túnel pra gente corrigir a democracia brasileira e conseguir colocá-lo como candidato.

Bolsonaro vai decidir o candidato em 2026

O deputado elogiou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), visto como principal nome para representar a direita na corrida presidencial de 2026. Mas ponderou que a escolha do candidato será de Jair Bolsonaro.

O Tarcísio é um excelente gestor. Mas ele tem dito que o objetivo dele é a reeleição ao governo de São Paulo. Foi um excelente ministro da Infraestrutura. Mas eu não sou dono da vontade de Jair Bolsonaro. Quem vai dizer o candidato hoje é ele. Eu ainda acho que Jair Bolsonaro poderá se candidatar, até porque ele está inelegível por motivos esdrúxulos.

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