Startups brasileiras estão de olho em parcerias com a França no maior evento do setor da Europa
Startups brasileiras se uniram a grandes empresas e startups sas e globais no maior evento de tecnologia da Europa. A 9ª edição do salão VivaTech, que começou nesta quarta-feira (11) em Paris, contou com a presença do presidente Emmanuel Macron, que reforçou sua estratégia para garantir a soberania da França em inteligência artificial. A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) participa com quase 40 startups este ano, enquanto a Universidade de São Paulo (USP) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) apresentam projetos inovadores pela primeira vez no Parque de Exposições da Porte de Versalhes.
Startups brasileiras se uniram a grandes empresas e startups sas e globais no maior evento de tecnologia da Europa. A 9ª edição do salão VivaTech, que começou nesta quarta-feira (11) em Paris, contou com a presença do presidente Emmanuel Macron, que reforçou sua estratégia para garantir a soberania da França em inteligência artificial. A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) participa com quase 40 startups este ano, enquanto a Universidade de São Paulo (USP) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) apresentam projetos inovadores pela primeira vez no Parque de Exposições da Porte de Versalhes.
Luiza Ramos, da RFI em Paris
O presidente francês celebrou, no dia de abertura do evento, a parceria que chamou de "histórica" entre a multinacional americana Nvidia e a startup sa Mistral para o lançamento de uma plataforma de nuvem soberana na Europa. A futura infraestrutura de IA, segundo o jornal Libération, prevista para 2026, será gerida na Europa, equipada com 18 mil superchips da Nvidia. Segundo o Financial Times, a empresa sa agora busca levantar o interesse de investidores.
De olho nas possibilidades e em parcerias para o desenvolvimento e crescimento de projetos, aproveitando a visibilidade do país na Temporada França-Brasil 2025, startups brasileiras chegam em peso com a maior delegação desde que o Brasil começou a ter representatividade na feira internacional. Nesta edição, o país tem um stand maior montado na área de inovações. E a Apex participa pela sétima vez da iniciativa.
"A média da participação era de seis a sete startups. Mas esse ano, nós quintuplicamos a nossa participação e estamos aqui com 38 startups. Nós temos uma delegação formada por 54% de empreendedoras mulheres, o que é bastante interessante", conta Juliana Vasconcelos, gerente de serviços e especialista em negócios internacionais pela Apex Brasil.
Pix: tecnologias brasileiras atraem interesse
Juliana Vasconcelos revela ainda a diversidade de origens dos representantes na feira deste ano: "Temos três empresas oriundas da favela e oito empresas do norte e do nordeste. E, claro, todas com bastante inovação embutida", enfatiza, "temos aqui empresas que representam o agro brasileiro, soluções de rastreabilidade para o agro, (...) são empresas que tem, em sua maioria, uma tração com as políticas hoje exigidas pela União Europeia e que podem ter complementaridade e ser parte da solução de uma série de questões para os países do bloco", explica Juliana, fazendo referência às tratativas de acordos como UE-Mercosul, que exigem, por exemplo, rastreamento de origem bovina a ser exportado da América Latina para países europeus.
Segundo ela, já no segundo dia do evento, nesta quinta-feira (12), as tecnologias bancárias brasileiras têm chamado a atenção. Principalmente de startups como Vurdere, Saygo e Capital Empreendedor, que destacam a tecnologia de pagamentos expressos.
"Eu acredito que as soluções de pagamentos em Pix tem sido bastante procuradas aqui como destaque brasileiro. Nós temos observado também uma busca muito grande por soluções de databases e inteligência artificial para a saúde e as soluções de agronegócios, com uma demanda muito grande por parte de empresas europeias", detalha.
Mulheres abrindo caminhos na tecnologia
E não é só isso, o Brasil também se destaca na área da educação ambiental, de olho no crescimento das preocupações com o meio ambiente. Como o aplicativo "BoRa" desenvolvido pela startup Fubá, fundada por quatro educadoras da área da biologia, que aponta para a abertura de caminhos para o empreendedorismo feminino na tecnologia. "Isso é muito legal por que mostra a mais mulheres que é um caminho possível", celebra a co-fundadora Flávia Torreão.
A pesquisadora detalha que o aplicativo, que tem mapeamento em alguns locais turísticos brasileiros e inicia uma parceria com Portugal, mostra ao usuário curiosidades e formas de melhorar a relação com o meio ambiente associado ao turismo em áreas urbanas e já tem em seu cardápio locais do Rio de Janeiro e de Foz do Iguaçu.
"A ideia é encontrar parcerias na prefeitura [de Paris] ou empresas locais que estejam interessadas. Se houver uma possibilidade de colaborarmos com alguma instituição na França, para desenvolver o aplicativo na França, seria uma oportunidade incrível. É o que estamos fazendo na VivaTech, buscando parcerias", explica Flávia.
USP e Fapesp pela primeira vez na VivaTech
O diretor científico do Centro de Pesquisa e Inovação em Gases de Efeito Estufa da USP, Julio Meneghini, falou à RFI sobre a importância do intercâmbio tecnológico na França. "Somente o nosso centro, o RCGI, Research Center for Green House Gases Innovation, trouxe para cá dez startups que estão trabalhando com diferentes áreas. A oportunidade de vir aqui na França e mostrar essa tecnologia para a França, que é um dos países que lidera a questão de inovação no mundo, em particular aquelas que nós temos trabalhado no RCGI, que é um dos maiores da Universidade de São Paulo, é muito importante, é uma oportunidade única", diz Meneghini.
O professor afirma que a iniciativa desta primeira colaboração da USP e da Fapesp na VivaTech foi uma iniciativa da reitoria da USP alavancada pelas parcerias dos governos brasileiro e francês deste ano, marcado pela imersão de eventos que unem os dois países.
No agronegócio, Julio Meneghini destaca startups de combustíveis verdes, uma delas usa a macaúba, um tipo de palmeira típica da América do Sul. "É uma tecnologia desenvolvida na Universidade de São Paulo, na escola de Agronomia, em Piracicaba, com a qual é possível utilizar a semente da macaúba para a produção de combustível sustentável de aviação. O que pode ter um impacto muito grande para se utilizar plantações de macaúba para o reflorestamento e, de uma forma sustentável, retirar a semente para a produção do combustível também sustentável da aviação", sublinha.
O diretor evidenciou o interesse pelas tecnologias brasileiras já nos primeiros dias em Paris: "Tivemos uma grande procura de informações, inclusive fundos de investimento que vieram nos procurar para conhecer melhor as tecnologias e eventualmente fazer aporte de recursos. Toda startup precisa ultraar aquele chamado 'Vale da Morte'", explica.
"É muito importante ter financiamento para você conseguir fazer com que o trabalho inicial que a startup começou e de uma escala piloto para uma escala real e aumente a produção. Por exemplo, o caso do combustível sustentável para aviação ou a produção do metanol verde [tecnologia de outra startup brasileira também no VivaTech]. Então já tivemos no primeiro dia uma grande repercussão", celebra Julio Meneghini.
O VivaTech acontece na Paris Expo da Porte de Versalhes e será aberto ao grande público apenas no sábado, 14 de junho de 2025, das 9h às 18h.