Brasileiro preso por Israel em ação humanitária segue em cela solitária sob ameaças
O ativista brasileiro Thiago Ávila está sendo mantido em cela solitária na prisão de Givon, em Israel, após ser detido por forças israelenses na madrugada de segunda-feira (9) durante uma operação da Flotilha da Liberdade em águas internacionais do mar Mediterrâneo.
Giovanna Vial, correspondente da RFI em Beirute.
Segundo a defesa de Thiago, representada por uma advogada do centro jurídico independente Adalah no território ocupado da Palestina, o ativista foi colocado hoje em uma cela de isolamento escura, sem ventilação e sem qualquer contato humano. O tratamento é interpretado pela defesa como uma retaliação direta à coordenação da Flotilha por parte de Thiago e à greve de fome e sede iniciada pelo ativista assim que ou à custódia israelense.
A esposa de Thiago, Lara Souza, relatou que o ativista tem resistido à deportação para não reconhecer um suposto ingresso ilegal em Israel, já que a prisão ocorreu fora dos limites territoriais israelenses, em águas internacionais.
Apesar da ordem de deportação ter sido emitida pelas autoridades israelenses ainda nesta quarta-feira (11), a defesa de Thiago afirmou que Israel ameaça manter o brasileiro em confinamento solitário por 7 dias. A advogada responsável pelo caso afirma que recorrerá à Suprema Corte de Israel caso a detenção arbitrária continue.
A prática de confinamento solitário prolongado, aplicada por Israel a presos palestinos e estrangeiros, já foi condenada pela ONU como forma de tortura. Membros da equipe internacional da Flotilha relataram que esse tipo de punição já foi aplicado anteriormente contra coordenadores da missão.
Além de Thiago, outros sete ativistas seguem detidos em Israel. Eles denunciaram estar sendo submetidos a privação de sono, comida e água potável, além de permanecerem em celas infestadas por percevejos.
Diversas mobilizações estão em curso para exigir a soltura imediata do ativista.
Outra embarcação interceptada
A Flotilha é uma coalizão internacional formada por organizações e ativistas que buscam romper o bloqueio imposto por Israel à Faixa de Gaza, considerado ilegal por diversas entidades internacionais, levando ajuda humanitária e denunciando as violações de direitos cometidas contra a população palestina.
O grupo atua com base no direito internacional, em especial na Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, que garante a liberdade de navegação em águas internacionais.
Na embarcação Madleen, interceptada por Israel nesta semana, estavam Thiago Ávila e outros 11 ativistas de diferentes nacionalidades, incluindo a ativista sueca Greta Thunberg. Esta foi a segunda tentativa da missão da Flotilha neste ano. Em maio, uma embarcação anterior foi forçada a recuar após ser alvo de ataques com drones pelas forças israelenses.