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Segundo jornalista italiano é alvo de spyware da Paragon, diz grupo de fiscalização

12/06/2025 19h51

Por Raphael Satter

LONDRES (Reuters) - Um segundo jornalista italiano foi recentemente alvo de um software fabricado pela empresa de vigilância norte-americana Paragon, informou o grupo de fiscalização da internet Citizen Lab, levantando novos questionamentos sobre um escândalo de vigilância que já levou o governo da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, e a Paragon a se separarem.

O Citizen Lab disse em um relatório publicado nesta quinta-feira que o iPhone do italiano Ciro Pellegrino, um jornalista investigativo, apresentou evidências de ter sido alvo do sofisticado software de espionagem da Paragon.

Pellegrino trabalha no jornal online Fanpage, cujo editor-chefe, sco Cancellato, revelou anteriormente que foi um dos muitos usuários que, em janeiro, receberam alertas do WhatsApp sobre terem sido alvo da tecnologia da Paragon.

O Fanpage tem publicado uma série de reportagens críticas ao governo de Meloni, com destaque para uma que liga a ala jovem de seu partido a atividades neonazistas. A alegação de que os jornalistas do Fanpage, entre outros, foram colocados sob vigilância gerou controvérsia na Itália.

Na segunda-feira, o governo e a Paragon anunciaram que não estão mais trabalhando juntos, dando explicações conflitantes sobre quem demitiu quem.

A Paragon remeteu as perguntas a uma declaração anterior fornecida ao jornal israelense Haaretz, na qual afirmou ter oferecido às autoridades italianas uma forma de verificar se seus sistemas foram usados contra Cancellato, mas que as autoridades italianas rejeitaram a oferta.

As autoridades italianas não responderam a uma mensagem pedindo comentários sobre o relato do Citizen Lab.

Em uma troca de mensagens com a Reuters, Pellegrino disse que a descoberta de que ele havia sido alvo de spyware foi "horrível". O jornalista de Nápoles afirmou que seu telefone é "a caixa preta da minha vida, que contém tudo, desde dados pessoais e de saúde até fontes jornalísticas".

Em seu relatório, o Citizen Lab também disse que um jornalista europeu não identificado foi hackeado com o spyware da Paragon. O laboratório, sediado na Universidade de Toronto, não deu mais detalhes e se recusou a responder a perguntas sobre a identidade do jornalista ou as circunstâncias do alvo.

(Por Raphael Satter em Londres; reportagem adicional de Alvise Armellini e Giuseppe Fonte em Roma)

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