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Dólar fecha em leve alta ante o real com mercado de olho em Brasília

04/06/2025 17h07

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - Após se reaproximar dos R$5,60 no início do dia, o dólar retomou a força ante o real e fechou a quarta-feira em leve alta, numa sessão marcada pelas discussões em Brasília sobre o pacote fiscal para substituir o aumento do IOF e por nova pesquisa de popularidade negativa para o governo Lula.

O avanço do dólar ante o real esteve na contramão do exterior, onde a divisa norte-americana cedia ante a maior parte das demais moedas.

O dólar à vista fechou em alta de 0,14%, aos R$5,6450. No ano, a divisa dos EUA acumula perdas de 8,64%.

Na véspera o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que as medidas fiscais estruturais em discussão pelo governo não serão anunciadas antes de uma reunião com lideranças partidárias do Congresso Nacional. Ao mesmo tempo, Haddad afirmou que o governo precisa de avanços em pelo menos parte das medidas fiscais a serem propostas para que o decreto que elevou o IOF possa ser revisto.

Apesar da indefinição sobre o pacote fiscal, o fato de Haddad e os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), transmitirem a ideia de que buscam uma solução conjunta foi bem recebida pelo mercado, afirmou João Duarte, especialista em câmbio da One Investimentos.

“A definição de uma agenda entre governo e Congresso foi positiva, demonstra boa vontade em uma resolução conjunta”, avaliou Duarte. “Então, em um primeiro momento, o efeito foi bom para o câmbio.”

Às 9h22, o dólar à vista atingiu a cotação mínima de R$5,6115 (-0,46%).

Ao longo da manhã, no entanto, a moeda norte-americana foi se recuperando ante o real, com investidores ainda cautelosos em relação ao cenário fiscal brasileiro.

A queda da aprovação do governo Lula, revelada pela pesquisa Genial/Quaest pela manhã, reforçou o temor de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva possa adotar novas medidas econômicas para recuperar a popularidade, pressionando ainda mais as contas públicas.

Conforme a pesquisa Genial/Quaest, 57% dos entrevistados desaprovavam o governo Lula em maio, o maior índice registrado para esse quesito no atual mandato. Em março, a desaprovação correspondia a 56% -- a variação em maio ficou dentro da margem de erro da pesquisa, de 2 pontos-percentuais para mais ou para menos.

A aprovação da gestão também oscilou dentro da margem de erro e ou de 41% na última rodada da pesquisa para 40% agora.

Na prática, os números sugeriram, na visão do mercado, que Lula segue com dificuldades entre os eleitores.

Neste cenário, o dólar à vista escalou até a máxima de R$5,6537 (+0,29%) às 16h19, para depois fechar próximo deste nível.

Pela manhã, o Banco Central vendeu apenas US$400 milhões em um leilão de linha (venda de dólares com compromisso de recompra) para rolagem de vencimentos de julho, apesar da oferta de US$1 bilhão.

Também pela manhã, o BC vendeu toda a oferta de 35.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1º de julho de 2025.

No exterior, no fim da tarde o dólar se mantinha em baixa ante a maior parte das demais divisas, após a divulgação de dados fracos sobre empregos no setor privado e o setor de serviços nos EUA.

Às 17h07, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,32%, a 98,849.

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