Sobe para 200 o número de mortos após enchentes sem precedentes na Nigéria
As enchentes catastróficas que atingiram a Nigéria na semana ada já deixaram mais de 200 mortos até o momento, informaram nesta terça-feira (3) as autoridades do estado do Níger, região mais afetada. O número ainda pode aumentar, já que centenas de pessoas seguem desaparecidas.
A cidade de Mokwa, a mais de 300 km da capital Abuja, foi tomada por enchentes na última quinta-feira (29), quando chuvas torrenciais destruíram mais de 250 casas. Um dos bairros dessa localidade ficou totalmente destruído pela cheia do rio Níger.
"Temos mais de 200 corpos (...) Ninguém pode dizer o número (exato) de vítimas no estado do Níger neste momento porque ainda estamos buscando vítimas", disse à Channel Television o coordenador estadual de assuntos humanitários, Ahmad Suleiman.
Nesta terça, as autoridades atualizaram o balanço de mortos, que estava em 150, apesar de muitos relatos sobre moradores desaparecidos, às vezes dezenas de pessoas da mesma família. Os voluntários e os socorristas continuam trabalhando sob um calor escaldante e encontraram corpos que foram arrastados por mais de 10 quilômetros.
Tragédia que se repete todo ano
O grande número de pessoas que ainda estão desaparecidas dias após a tragédia aumenta os temores de que essa enchente possa causar mais vítimas do que todas as que foram registradas ao longo de 2024 na Nigéria, quando 321 pessoas morreram.
Todos os anos a Nigéria sofre com inundações, que causam centenas de mortes, principalmente devido ao precário sistema de drenagem, à construção de casas em áreas de risco e ao despejo de lixo no esgoto.
As mudanças climáticas aumentam os eventos extremos, mas a ação humana também desempenha um papel nesta catástrofe. Em Mokwa, a tempestade arrastou centenas de casas devido à falta de manutenção das tubulações de drenagem, que também estavam obstruídas com detritos.
Alguns dias antes do desastre, a Agência Meteorológica da Nigéria chegou a alertar sobre o risco de enchentes entre quarta (28) e sexta-feira (30) em 15 dos 36 estados da Nigéria, incluindo o Níger.
Uma equipe de jornalistas da AFP que visitou Mokwa esta semana relatou um mau cheiro forte, que os moradores dizem ser proveniente de corpos em decomposição presos nos escombros.
O governo informou que estava distribuindo ajuda, mas os moradores criticam as autoridades e dizem que não receberam nada.
(Com AFP)