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Ministério Público do Trabalho processa chinesa BYD por suspeita de trabalho escravo

29/05/2025 12h19

O Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia apresentou uma ação contra a fabricante chinesa de veículos elétricos BYD e duas empresas terceirizadas por suposto trabalho escravo e tráfico de pessoas, segundo documentos aos quais a AFP teve o nesta quinta-feira (29).

A ação judicial se refere a 220 trabalhadores chineses, que foram encontrados em condições "análogas à escravidão" em dezembro, durante a obra de construção de uma planta industrial da BYD no município de Camaçari, na Bahia.

A montadora Build Your Dreams (BYD) está construindo no local sua maior fábrica de veículos elétricos fora da Ásia, cuja inauguração está prevista para 26 de junho.

O MPT baiano pede 257 milhões de reais por danos morais coletivos, além de pagamentos individuais para cada trabalhador.

Em um comunicado enviado à AFP nesta quinta, a empresa chinesa diz que "vem colaborando com o Ministério Público do Trabalho desde o primeiro momento".

"A BYD reafirma seu compromisso inegociável com os direitos humanos e trabalhistas, pautando suas atividades pelo respeito à legislação brasileira e às normas internacionais de proteção ao trabalho", declarou.

O MPT sustenta que, após uma denúncia anônima, agentes "encontraram os trabalhadores amontoados em alojamentos sem as mínimas condições de conforto e higiene", segundo um comunicado.

Os trabalhadores tinham contratos de trabalho com cláusulas ilegais, seus aportes foram retidos e eram vigiados por guardas armados.

Além disso, dormiam em camas sem colchão e um dos alojamentos contava com apenas um banheiro para 31 pessoas, e por isso precisavam acordar às 04h da manhã para fazer a higiene pessoal antes de iniciar jornadas de trabalho exaustivas e sem descanso semanal, detalhou o comunicado.

Segundo a ação, as empresas retinham até 70% dos salários dos trabalhadores e exigiam-lhes que pagassem caução. Se rescindissem o contrato antes de seis meses, perdiam tanto a caução quanto os valores retidos, além de ter que pagar a agem de volta.

A ação civil foi apresentada após a recusa das empresas em um termo de ajustamento de conduta proposto pelas autoridades brasileiras, segundo o MPT.

Nesta quinta, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, disse a jornalistas que o governo chinês "dá grande importância à proteção e garantia dos direitos e interesses legítimos dos trabalhadores" e exige das empresas chinesas "operar em conformidade com as leis e regulações".

As empresas terceirizadas processadas são JinJiang e Tonghe (atual Tecmonta).

Após tomar conhecimento da situação no fim de dezembro, a BYD Auto do Brasil anunciou a rescisão do contrato com a Jinjiang.

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© Agence -Presse

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