Aumenta pressão sobre Trump para impor sanções contra Rússia
Por Steve Holland e Gram Slattery
WASHINGTON (Reuters) - Alguns republicanos do Congresso norte-americano e assessores da Casa Branca estão pedindo ao presidente dos EUA, Donald Trump, que adote novas sanções contra Moscou, à medida que aumenta a frustração com o ataque militar do presidente russo, Vladimir Putin, à Ucrânia.
Trump tem adiado essas penalidades por meses, acreditando que poderia ter negociações frutíferas com Putin para acabar com a guerra e considerando que as sanções em geral são usadas em excesso e muitas vezes ineficazes.
Autoridades da Casa Branca dizem que Trump ainda espera desenvolver uma parceria econômica com a Rússia. Ele vê as sanções como uma escalada nas tensões com Moscou, o que poderia inviabilizar as esperanças de um cessar-fogo no conflito de três anos.
Mas sua frustração com Putin é genuína e cada vez mais grave, de acordo com assessores. Eles disseram que Trump está considerando seriamente a possibilidade de aplicar sanções depois que a Rússia intensificou seus ataques nos últimos dias.
"Ele está sempre procurando maneiras diferentes de exercer pressão", disse uma autoridade sênior da Casa Branca. "Isso não é diferente. Ele está sempre avaliando suas opções."
Autoridades dos EUA preparam novas sanções econômicas contra a Rússia, incluindo medidas bancárias e energéticas. Elas dizem que o pacote de sanções está pronto para ser implementado com base na ordem de Trump.
Uma opção apoiada por alguns assessores de Trump seria o presidente adotar, ou pelo menos não obstruir, a legislação apresentada pelo senador republicano Lindsey Graham e pelo senador democrata Richard Blumenthal no mês ado, que estabeleceria uma tarifa de 500% sobre os produtos importados de países que compram petróleo russo.
Alguns consultores acreditam que o projeto de lei pode ser útil porque permitiria que sanções consequentes entrassem em vigor enquanto Trump poderia, em essência, dizer a Putin que a decisão sobre as sanções estava fora de suas mãos, de acordo com uma autoridade dos EUA com conhecimento direto do assunto. Isso, por sua vez, poderia ajudar Trump a manter uma linha de comunicação viável com Putin.
Essa autoridade dos EUA e outra pessoa familiarizada com as deliberações internas disseram que a Casa Branca de Trump acredita que sanções secundárias -- ou seja, sanções a países que fazem negócios com a Rússia, e não apenas à própria Rússia -- são necessárias para que sejam eficazes.
Graham e seu colega senador republicano Chuck Grassley, ambos aliados próximos de Trump, disseram esta semana que agora é o momento de aumentar a pressão sobre Putin.
"Acredito que o presidente Trump foi sincero quando pensou que sua amizade com Putin acabaria com a guerra. Agora, sendo esse o caso, É HORA DE SANÇÕES FORTES PARA QUE PUTIN SAIBA que 'o jogo acabou'", disse Grassley em uma postagem na mídia social na terça-feira.
GUERRA SE ARRASTA
Trump assumiu o cargo em janeiro prevendo que seria capaz de acabar com a guerra na Ucrânia em 24 horas. Mas, nos meses que se seguiram, ele absorveu a triste realidade de que o conflito é mais complicado do que ele acreditava inicialmente e culpou seu antecessor, Joe Biden, por permitir que isso acontecesse.
Na semana ada, Trump conversou com Putin por duas horas e achou que tinha um acordo para iniciar imediatamente as negociações de cessar-fogo. Em seguida, a Rússia lançou uma enxurrada de ataques com drones e mísseis contra a Ucrânia, o que levou Trump a dizer que Putin tinha "ficado absolutamente LOUCO" e que estava "brincando com fogo" ao se recusar a iniciar negociações de cessar-fogo com Kiev.
Falando aos repórteres no Salão Oval na quarta-feira, Trump explicou por que acha que a imposição de sanções poderia antagonizar Putin.
"Se eu acho que estou perto de conseguir um acordo, não quero estragar tudo fazendo isso", disse ele.
Perguntado se Putin quer acabar com a guerra, Trump afirmou: "Não posso lhe dizer isso, mas vou informá-lo em cerca de duas semanas", observando que ele estava esperando a Rússia apresentar sua última proposta de paz.
"Vamos descobrir se ele está ou não nos dando uma rasteira e, se estiver, responderemos de forma um pouco diferente", acrescentou Trump.