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Trump diz ter advertido Netanyahu contra ataque ao Irã

28/05/2025 16h30

Os Estados Unidos advertiram Israel contra qualquer ataque ao Irã que possa prejudicar as negociações nucleares com a República Islâmica, que parece disposta a permitir a visita de inspetores americanos às suas instalações.

O presidente americano, Donald Trump, declarou, nesta quarta-feira (28), ter desaconselhado ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, uma operação militar contra o Irã, por não considerar a medida "apropriada" neste momento.

EUA e Irã, em conflito há quatro décadas e sem relações diplomáticas, iniciaram negociações com a mediação de Omã em 12 de abril.

São as primeiras negociações neste nível desde que Washington se retirou, em 2018, durante o primeiro mandato de Trump (2017-2021), do acordo internacional alcançado três anos antes entre Teerã e as principais potências para supervisionar o programa nuclear iraniano em troca do levantamento de sanções.

Israel ameaça repetidamente o Irã, seu arqui-inimigo, com uma ação militar. A imprensa americana noticiou na semana ada que Israel está se preparando para atacar as instalações nucleares iranianas.

Trump não descartou uma ação militar, mas quer deixar espaço para a negociação.

"Sim, eu fiz isso", disse Trump a jornalistas que lhe perguntaram se havia dito a Netanyahu para não tomar medidas militares durante o telefonema que mantiveram na semana ada. 

"Disse que não acho que seja apropriado, estamos tendo conversas muito boas com eles", explicou. "Estamos muito perto de uma solução", avaliou o presidente.

"Acho que eles querem chegar a um acordo, e se pudermos chegar a um acordo, muitas vidas serão salvas", acrescentou o republicano.

As grandes potências ocidentais e Israel, considerado por especialistas como o único país com armas nucleares no Oriente Médio, acusam há muito tempo Teerã de tentar se equipar com armamento nuclear.

O Irã nega e insiste em afirmar que seu programa nuclear tem apenas fins civis.

Nesta quarta, o Irã anunciou que poderia autorizar uma visita de inspetores americanos da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), um organismo de controle nuclear da ONU, se um acordo com os Estados Unidos for alcançado.

"Sempre tentamos não aceitar inspetores de países que nos foram hostis e se comportaram sem princípios ao longo dos anos", disse à imprensa o chefe nuclear do Irã, Mohamad Eslami, referindo-se ao pessoal da AIEA.

Teerã "reconsiderará a aceitação de inspetores americanos através da agência" se "um acordo for alcançado e as demandas do Irã forem levadas em consideração", declarou.

O presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, que está em visita oficial a Omã, agradeceu ao país do Golfo por seus esforços de mediação.

- "Não é negociável" - 

O ministro das Relações Exteriores iraniano e principal negociador, Abbas Araghchi, que acompanha Pezeshkian em Omã, afirmou que "a data da nova rodada de negociações provavelmente será esclarecida nos próximos dias".

Os funcionários iranianos repetem reiteradamente que o enriquecimento de urânio "não é negociável". E a istração de Trump insiste que essa prática não deve ser permitida ao Irã, nem mesmo em níveis baixos para fins civis.

O enriquecimento de urânio no Irã "é uma parte inseparável da indústria nuclear do país e um princípio fundamental para a República Islâmica do Irã", disse aos jornalistas o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Esmaeil Baqaei.

"Qualquer proposta ou iniciativa que contradiga este princípio ou prejudique este direito é inaceitável", acrescentou.

Segundo a AIEA, Teerã enriqueceu urânio a 60%, próximo aos 90% necessários para fabricar armas, e continua acumulando grandes reservas de material físsil. O acordo nuclear de 2015 limitava o enriquecimento a 3,67%.

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© Agence -Presse

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