Presidente do Fed de NY pede resposta firme se a inflação se desviar da meta
Por Leika Kihara
TÓQUIO (Reuters) - O presidente do Federal Reserve de Nova York, John Williams, disse nesta quarta-feira que os bancos centrais devem "reagir com relativa firmeza" quando a inflação começa a se desviar de sua meta.
Dada a grande incerteza em relação ao impacto econômico das tarifas e da política comercial dos Estados Unidos, os bancos centrais devem se concentrar em evitar tomar medidas em que o "custo de errar supere em muito os benefícios", em vez de buscar a solução perfeita para o problema, disse ele.
Entre os riscos onerosos que os bancos centrais devem evitar está o de permitir que as expectativas de inflação se desviem de suas metas, disse Williams em um bate-papo com o vice-presidente do Banco do Japão, Ryozo Himino, na conferência do banco central realizada em Tóquio.
"Queremos evitar que a inflação se torne altamente persistente, porque isso pode se tornar permanente", disse Williams. "E a maneira de fazer isso é reagir de forma relativamente forte" quando a inflação começa a se desviar da meta do banco central, acrescentou.
Williams disse que, em geral, os choques não têm efeitos duradouros sobre a inflação, desde que as expectativas de inflação estejam bem ancoradas. Mas ele alertou que sempre há incertezas sobre como os choques no lado da oferta, como os causados pela pandemia da Covid-19, podem afetar as percepções do público sobre os movimentos futuros dos preços.
"A incerteza aumentou de forma bastante significativa", disse ele. "Temos que estar muito cientes de que as expectativas de inflação podem mudar de forma que possa ser prejudicial."
Dadas essas incertezas, os bancos centrais devem se esforçar não apenas para ancorar as expectativas de inflação de longo prazo, mas também para garantir que as expectativas de curto prazo fiquem "bem comportadas", de modo que as percepções do público sobre os movimentos futuros dos preços voltem a se aproximar das metas do banco central "dentro de vários anos", disse Williams.
As tarifas e as políticas comerciais erráticas do presidente dos EUA, Donald Trump, complicaram a tarefa dos bancos centrais de manter a pressão inflacionária sob controle, sem esfriar demais as economias que já estão enfrentando os danos causados por juros mais altos.
O Fed tem mantido sua taxa de juros em 4,25%-4,50% desde dezembro, enquanto as autoridades aguardam mais clareza sobre o impacto econômico e sobre os preços das tarifas de Trump.
As autoridades também estão tendo que lidar com os movimentos voláteis do mercado causados pelos comentários constantes de Trump sobre as negociações comerciais dos EUA com outros países.