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França condena ex-médico por abusar de centenas de pacientes

28/05/2025 16h12

França condena ex-médico por abusar de centenas de pacientes - Ex-cirurgião Joël Le Scouarnec foi condenado a 20 anos de prisão por estuprar ou agredir sexualmente 299 pacientes entre 1989 e 2014, a maioria deles quando eram menores de idade.A Justiça sa condenou nesta quarta-feira (28/05), o ex-cirurgião Joël Le Scouarnec, de 74 anos, à pena máxima de 20 anos de prisão por estuprar ou agredir sexualmente 299 pacientes entre 1989 e 2014, a maioria deles, quando eram menores de idade.

Le Scouarnec, um dos predadores sexuais condenados mais prolíficos da história da França, recebeu a sentença máxima de 20 anos por estupro agravado exigida pelos promotores.

O ex-cirurgião, que disse não merecer "clemência", poderá obter liberdade condicional após cumprir dois terços de sua sentença.

O julgamento, que começou em fevereiro, chocou o país, meses depois de outro caso "fora do comum", o dos estupros em série de Gisèle Pelicot, que resultou na condenação de 51 homens.

"Foi levado em conta que os atos cometidos foram particularmente graves devido ao número de vítimas, sua pouca idade e a natureza compulsiva" do acusado, disse o juiz do tribunal de Vannes, Aude Buresi, ao ler o veredito.

A promotoria havia pedido 20 anos de prisão para o que chamou de "demônio de jaleco branco" e outras medidas menos comuns, como o confinamento em um centro de tratamento e supervisão após o cumprimento da pena.

"Você era o demônio e ele às vezes está vestido com um jaleco branco", disse a promotora Stephane Kellenberger, alertando que um julgamento adicional poderia ser necessário para cobrir os casos de outras vítimas cujo abuso não faz parte do caso atual.

Condenação a 15 anos em 2020

O ex-cirurgião já cumpre pena de prisão após ter sido condenado em dezembro de 2020 a 15 anos de prisão por estuprar e agredir sexualmente quatro crianças, incluindo duas de suas sobrinhas.

O tribunal também impôs uma supervisão sociojudicial de 15 anos, incluindo, em particular, tratamento e uma proibição definitiva de exercer uma profissão médica ou uma atividade em contato com menores.

Em suas alegações finais, a defesa havia pedido ao tribunal que reconhecesse "os elementos favoráveis ao acusado", como sua "confissão", enquanto as vítimas pediram um "veredito à altura".

Durante o julgamento, Le Scouarnec itiu os crimes, mas repetiu as desculpas em uma voz monótona que levou alguns a duvidar de sua sinceridade. E ainda há dúvidas sobre como ele foi autorizado a continuar trabalhando apesar de ter sido condenado por possuir imagens de abuso sexual de crianças.

Caso expõe falhas no sistema

Vítimas e defensores dos direitos da criança dizem que o caso expõe falhas sistêmicas que permitiram que Le Scouarnec cometesse crimes sexuais repetidamente.

Em 2005, ele recebeu uma sentença de quatro meses de prisão depois que os investigadores associaram seu cartão de crédito à compra online de material de abuso sexual infantil.

Mas Le Scouarnec não foi obrigado a se submeter a tratamento nem foi impedido de exercer a medicina.

E mesmo depois que um colega do hospital de Quimperle alertou as autoridades médicas locais e regionais em 2006 sobre sua condenação e "natureza perigosa", Le Scouarnec continuou a exercer a profissão em hospitais no oeste da França.

Em um caso, ele contou à então diretora do hospital Jonzac, no oeste da França, sobre sua condenação de 2005, mas ela o contratou mesmo assim em 2008.

Quase uma década se aria até que ele ficasse novamente sob suspeita.

Seu filho de 42 anos disse ao tribunal que a "perversão do pai explodiu como uma bomba atômica" dentro da família, destruindo a fachada cuidadosamente mantida de um cirurgião dedicado.

"Não peço clemência"

"Eu não peço clemência ao tribunal. Simplesmente peço ao tribunal que me conceda o direito de ser uma pessoa melhor e de recuperar essa parte da humanidade que tanto me faltou", disse o réu em suas últimas palavras na segunda-feira.

As autoridades encontraram cerca de 300 mil imagens de abuso sexual de crianças, além de diários nos quais o cirurgião registrava meticulosamente o abuso sexual de crianças e animais.

Le Scouarnec, que escreveu em suas anotações que estava "muito feliz" por ser um "pedófilo", itiu o abuso de seus pacientes – 256 deles menores de 15 anos – mas afirma que se lembra pouco do que fez.

md (AFP, AP)

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