Acusações mútuas entre Israel e ONU por ajuda a Gaza
Israel acusou nesta quarta-feira (28) a ONU de tentar "bloquear" a distribuição de ajuda a Gaza, enquanto o organismo assegurou estar fazendo todo o possível para recuperar os volumes limitados autorizados pelas autoridades israelenses.
"Enquanto a ONU semeia o pânico e faz declarações distantes da realidade, o Estado de Israel facilita continuamente a entrada de ajuda em Gaza por dois métodos", que continuarão "simultaneamente" nesta fase, declarou o embaixador israelense na ONU, Danny Danon, no Conselho de Segurança.
Danon se referia à autorização limitada para a entrada de caminhões da ONU pela agem fronteiriça de Kerem Shalom desde o início da semana ada, após mais de dois meses de bloqueio, e à nova Fundação Humanitária de Gaza (GHF).
Essa empresa privada, criada com o apoio de Israel e dos Estados Unidos, implementou um sistema paralelo ao da ONU para entregar ajuda humanitária. O organismo multilateral considera esse sistema contrário aos princípios humanitários e criticou a distribuição caótica em um de seus centros, onde 47 pessoas ficaram feridas na terça-feira.
O embaixador israelense culpou o Hamas pelo caos e o acusou de "bloquear" o o ao centro de distribuição com "barricadas".
"A ONU agora se uniu ativamente ao Hamas para tentar bloquear essa ajuda", afirmou.
Segundo o diplomata, a organização "está utilizando ameaças, intimidação e represálias contra as ONGs que decidiram participar do novo mecanismo humanitário". Ele também classificou a ONU de "mafiosa".
A ONU não respondeu imediatamente a essa nova acusação, mas, no início do dia, reiterou sua oposição a trabalhar com a GHF.
"Não abandonaremos nossos princípios. Não participaremos de operações que não respeitem nossos princípios humanitários", disse Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU.
Dujarric afirmou que a ONU estava fazendo todo o possível para recuperar a ajuda que chegou por Kerem Shalom.
"Desde a semana ada, cerca de 900 caminhões foram enviados a Israel para aprovação, 800 foram aprovados, mas apenas 500 puderam ser descarregados no lado israelense de Kerem Shalom, e ainda menos puderam ar para o lado palestino, onde nós e nossos parceiros conseguimos recolher pouco mais de 200 deles, dificultados pela insegurança e pelo o ", denunciou Dujarric.
"Se não conseguimos recolher esses bens, posso lhes dizer uma coisa: não é porque não estamos tentando", insistiu.
Ele respondia assim a Danny Danon, que disse que 400 caminhões esperavam no lado palestino de Kerem Shalom e que Israel havia oferecido "rotas seguras" para entrar em Gaza.
"Mas a ONU não conseguiu recolhê-los", denunciou à imprensa. "Deixem o ego de lado, recebam a ajuda e façam seu trabalho", disse.
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