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Seca histórica castiga norte da Europa e ameaça safras em plena fase de plantio

23/05/2025 14h00

Uma seca sem precedentes em décadas vem assolando o norte da Europa nas últimas semanas, afetando regiões que vão da Escócia aos Países Baixos. O fenômeno climático preocupa agricultores e especialistas, já que, se persistir, poderá comprometer o rendimento das culturas atualmente em fase de plantio.

Com solos extremamente secos e chuvas abaixo da média para a estação, a situação já começa a impactar o calendário agrícola e suscita alertas sobre a segurança alimentar e o abastecimento nos próximos meses.

Autoridades meteorológicas e organizações agrícolas seguem monitorando o cenário de perto, enquanto cresce a pressão por medidas emergenciais para mitigar os efeitos dessa estiagem prolongada.

Na primavera deste ano no hemisfério norte, choveu muito menos do que o normal no norte da França, na Bélgica e em grande parte do Reino Unido. O resultado: solos ressecados, poeirentos em alguns pontos, e sementes que ainda não germinaram por falta de umidade.

"De um extremo ao outro"

No leste da Inglaterra, o agricultor Luke Abblitt revela estar "rezando por chuva", enquanto o Reino Unido enfrenta sua primavera mais seca em mais de 150 anos. "Estamos indo de um extremo ao outro: muita chuva no inverno e quase nada na primavera e no verão", explica.

Diante da nova realidade climática, Abblitt já se prepara para adaptar seus métodos de cultivo e considera investir em variedades de sementes mais resistentes à seca. A mudança no padrão das estações preocupa o setor agrícola europeu, que vê crescer os desafios ligados à crise climática.

Situação alarmante

No norte da Inglaterra, os níveis dos reservatórios estão "excepcionalmente baixos", segundo a Agência de Meio Ambiente britânica. Como resposta, agricultores começaram a irrigar mais cedo do que o habitual, de acordo com a União Nacional dos Agricultores (NFU), principal entidade do setor no Reino Unido. A organização pede investimentos urgentes em infraestrutura de armazenamento de água nas próprias propriedades rurais.

Nos Países Baixos, os registros de chuvas atingiram o nível mais baixo desde o início das medições em 1906. Já na Dinamarca, os três últimos meses foram classificados como "excepcionalmente secos", com apenas 63 mm de precipitação registrados.

Desde 1874, houve apenas sete períodos entre fevereiro e abril com índices tão baixos. O país também enfrentou um período anormalmente quente e ensolarado. Desde 15 de maio, o índice oficial de seca atingiu 9 numa escala de 1 a 10 ? o maior valor registrado tão cedo no ano desde o início da série histórica, em 2005.

Na Suécia, embora ainda seja cedo para estimar os impactos diretos da seca sobre a agricultura, a Federação Nacional dos Agricultores já orienta os produtores a repensarem sua gestão hídrica e a adotarem medidas de prevenção.

França em alerta

Na França, apesar das reservas subterrâneas estarem cheias, a ausência de chuvas compromete o desenvolvimento das plantações, que dependem da umidade da superfície.

O norte do país foi colocado em alerta de seca nesta segunda-feira (19). Entre fevereiro e o início de maio, a região recebeu o equivalente a apenas um mês de chuva ? bem abaixo da média histórica. Ventos secos vindos do nordeste agravam ainda mais o ressecamento do solo.

Contraste com o sul da Europa

O cenário no norte da Europa contrasta fortemente com a situação no sul do continente. Espanha e Portugal registraram volumes de chuva até duas vezes maiores do que a média para o mesmo período, o que reforça a tendência de desequilíbrios climáticos cada vez mais extremos em diferentes partes da Europa.

A crise evidencia a necessidade de adaptação urgente das políticas agrícolas e de gestão hídrica frente à aceleração das mudanças climáticas no continente.

(RFI com AFP)

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