Puxado pelo agro, PIB cresce 1,4% no 1º trimestre; avanço anual é de 2,9%
A economia brasileira cresceu 2,9% no primeiro trimestre de 2025, na comparação com o mesmo período do ano ado, mostram dados divulgados hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O desempenho positivo foi impulsionado pelo salto de 10,2% da agropecuária. Na comparação com o último trimestre de 2024, o PIB (Produto Interno Bruto) ganhou força ao avançar 1,4%.
Como foi o PIB
Soma dos bens e serviços finais produzidos no Brasil cresceu 2,9% em um ano. A variação para o período entre janeiro e março considera uma comparação com os três primeiros meses de 2024. As expectativas do mercado financeiro sinalizavam o avanço de 3,1% do PIB brasileiro na base anual.
PIB avançou pelo 17º trimestre seguido ante o mesmo período do ano anterior. A última queda nessa comparação foi apurada pelo IBGE no último trimestre de 2020 (-0,3%). Na ocasião, as economias do mundo ainda sofriam com os efeitos da pandemia do novo coronavírus, decretada no início daquele ano.
Crescimento econômico ganhou força na comparação com o último trimestre de 2024. O impulso surge com o avanço de 1,4% do PIB entre janeiro e março, em relação ao crescimento de somente 0,1% apurado no último trimestre do ano ado. A expectativa de alta na base de comparação era de justamente 1,4%.
Produto Interno Bruto do Brasil alcança R$ 3 trilhões nos três primeiros meses deste ano. O resultado da soma de bens e serviços finais produzidos no país é formado pela soma de R$ 2,6 trilhões referentes ao VA (Valor Adicionado) a preços básicos e R$ 431,1 bilhões aos Impostos sobre Produtos líquidos de Subsídios.
Pela ótica da demanda, o avanço de 1% do consumo das famílias foi um dos destaques. A alta reverte a queda trimestral de 0,9% apurada nos últimos três meses do ano ado. Já a formação bruta de capital fixo, indicador referente aos aportes em ativos fixos, como máquinas e equipamentos, aumentou 3,1% também em relação ao quarto trimestre de 2024.
Despesas de consumo do governo apresentam estabilidade na comparação trimestral (+0,1%). As exportações de bens e serviços tiveram variação positiva de 2,9% em relação ao quarto trimestre de 2024. As importações, por sua vez, cresceram 5,9% na mesma base de comparação.
Desempenho puxado pela agropecuária
Setor direcionou o bom desempenho da economia brasileira no primeiro trimestre. O segmento com peso de aproximadamente 6,5% na economia cresceu 10,2% na comparação com os primeiros três meses do ano ado. No mesmo período de 2024, o PIB da agropecuária encolheu 5,5% devido às condições climáticas adversas que afetaram a safra.
Na comparação com os três últimos meses do ano ado, o avanço do ramo foi de 12,2%. A colheita da supersafra sem grandes problemas meteorológicos resultou no bom desempenho do setor no início de 2025, explica Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE. "A agropecuária está sendo favorecida pelas condições climáticas favoráveis e conta com uma baixa base de comparação do ano ado", diz ela.
Condições climáticas favoráveis impactaram o desempenho de algumas culturas, diz IBGE. Entre as colheitas com safra no primeiro trimestre que apresentaram crescimento na estimativa de produção anual e ganho de produtividade, os destaques são a soja (13,3%), o milho (11,8%), o arroz (12,2%) e o fumo (25,2%). "É esperada uma safra recorde de soja, nosso produto agrícola mais importante", avalia Palis.
Demais setores também cresceram
Volume de serviços prestados aumentou 2,1% ante o mesmo período do ano ado. Responsável por cerca de 70% da economia nacional, o setor contou com o desempenho positivo em todas as atividades. Os avanços mais expressivos foram contabilizados pelos ramos de Informação e comunicação (6,9%), atividades Imobiliárias (2,8%), outras atividades de serviços (2,5%), comércio (2,1%) e atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (2,1%),
O PIB da indústria aumentou 2,4% em relação aos primeiros três meses de 2024. No segmento, o destaque ficou por conta da alta de 3,4% da construção pelo sexto trimestre consecutivo. O desempenho positivo foi resultado do aumento da ocupação na atividade e da produção dos insumos típicos. Na sequência, aparece a indústria de transformação (2,8%), que teve a alta puxada, principalmente, pelo ramo de máquinas e equipamentos, metalurgia, além de produtos químicos e farmacêuticos.
Na comparação com o último trimestre do ano ado, a indústria encolheu 1%. O resultado foi influenciado pelo recuo de 0,8% da construção. "O setor industrial está sendo negativamente afetado pela política monetária restritiva", avalia Palis. Ainda assim, tiveram desempenho positivo as indústrias extrativas (2,1%) e as atividades de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (1,5%).
O que é o PIB
O Produto Interno Bruto corresponde à soma de todos os bens e serviços finais produzidos em determinada economia. Divulgado no Brasil pelo IBGE a cada três meses, o Sistema de Contas Nacionais Trimestrais é calculado a partir de uma fórmula que considera o consumo das famílias, os gastos do governo, os investimentos e as exportações líquidas.
O estudo que mede o desempenho da economia nacional foi iniciado em 1988, mas sofreu alterações. A primeira reestruturação ocorreu em 1998, quando os seus resultados foram integrados ao Sistema de Contas Nacionais, de periodicidade anual. Em 2015, uma nova mudança metodológica estabeleceu o ano de 2010 como referência para os cálculos.
O IBGE calcula duas séries de números-índices para analisar o desempenho do PIB a cada trimestre. Uma das modalidades tem base no ano anterior à divulgação. Já a outra, chamada de "encadeada", tem o ano de 2010 como referência, sendo ajustada sazonalmente de forma que permita o cálculo das taxas de variação em relação ao trimestre imediatamente anterior.