Ao serem protocolados pelo menos 25 projetos de lei em casas legislativas, que propõem a proibição de atendimento a bebês reborn, os políticos tentam se aproveitar de um assunto que não é sério, avaliou o colunista Chico Barney no UOL News, do Canal UOL.
É uma tática do nosso país resolverem algo que não existe. Assim como eu coleciono gibis, essas mulheres colecionam bonecos e gostam de fazer vídeos. E daí há todo um ecossistema com esses vídeos, que são esquetes [esboços], atuações, são meramente ficções, com elas cuidando desses 'bebês'. Chico Barney, colunista do UOL
Apesar de as propostas falarem em "casos crescentes", levantamento feito pela reportagem do UOL com secretarias de Saúde mostrou que houve apenas um registro de alguém que realmente tentou levar uma boneca a uma unidade de atendimento.
O único caso real aconteceu em Guanambi, no sul da Bahia, e a pessoa nem chegou a entrar no local. Segundo a prefeitura, uma jovem com transtorno psiquiátrico tentou atendimento no último domingo para uma boneca na UPA da cidade, mas foi reconhecida e confrontada na entrada do local, e orientada a voltar para casa.
As propostas que proíbem o atendimento a bebês ultrarrealistas estão tramitando na Câmara dos Deputados; nas Assembleias Legislativas de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Paraíba, Espírito Santo e Alagoas, entre outros lugares. Alguns desses projetos fixam multas de até R$ 50 mil para quem levar bonecos a unidades de saúde para atendimento.
Hoje em dia, existe uma leitura muito diagonal da realidade —quando a um vídeo sem contexto e o negócio vira assunto. As pessoas estão em pânico moral e os políticos, infelizmente, estão tentando se aproveitar disso no mercado da atenção e aí acabam misturando as coisas e virando um assunto sério quando, na verdade, não é.
Toda essa discussão psicológica, psiquiátrica e política... eu acho que é um gasto de energia muito grande para um hobby que a grande maioria dessas mulheres. Elas produzem e vendem. Tem todo um mercado reborn, que existe, mas não tem ninguém achando que é um bebê de verdade. Não tem ninguém batendo lá na porta do hospital. Chico Barney, colunista do UOL
Ao Canal UOL, o colunista Josias de Souza disse que o Congresso poderia se debruçar com assuntos reais, e não ficção.
O Congresso poderia se debruçar sobre ele [a questão do direito dos casais homoafetivos de adotarem crianças], colocar preto no branco ali na legislação, mas não, ficam criando entraves e um problema real ninguém trata. E aí ficam criando projetos, projetos para uma ficção. Realmente é muito irritante o que está ocorrendo no Brasil.
Quem tem dinheiro, quer se divertir com bebê reborn, com bebê de silicone, que vá se divertir. Agora, o Congresso precisa se ocupar de coisas reais, de problemas que afligem, de fato, a sociedade brasileira. Josias de Souza, colunista do UOL
Professor sobre sanção dos EUA a Moraes: 'Pode gerar crise diplomática'
No UOL News, o professor de direito Wallace Corbo, da FGV (Fundação Getúlio Vargas), afirmou que uma eventual reação do governo americano de Donald Trump contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), pode gerar uma crise diplomática entre os Estados Unidos e o Brasil.
[Sanções contra Moraes] são inissíveis. Eu acho que a primeira coisa [que temos que fazer] é não normalizar, que é o uso do estado americano como estratégia e forma de responder a adversários da extrema direita global. Wallace Corbo, professor de direito da FGV
Ontem, o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Marco Rubio, afirmou que o ministro do STF pode sofrer sanções nos EUA. Foi a primeira vez que o governo Trump citou uma possível punição contra Moraes.
O descontentamento com decisões do ministro (principalmente contra políticos e bolsonaristas) motivou apelos por sanções internacionais nos EUA, com base em uma lei americana. A Lei Magnitsky ganhou destaque no debate público após ser apontada por críticos de Alexandre de Moraes como possível base legal para sanções contra o ministro nos EUA.
Nos bastidores, o governo Lula (PT) já se prepara para reagir a uma eventual sanção contra o magistrado como uma "ingerência externa" em temas domésticos brasileiros e um ataque contra a soberania do país, e não apenas como um ato contra um ministro do STF, segundo apurou o colunista do UOL Jamil Chade.
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