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Cid depõe à PF sobre possível fuga, mantém acordo de delação e é liberado

do UOL

Do UOL, em Brasília

13/06/2025 11h22Atualizada em 13/06/2025 15h43

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), depôs à Polícia Federal por cerca de duas horas e meia sobre a tentativa de conseguir um aporte português e eventualmente fugir do Brasil. Ele foi liberado e teve o acordo de delação mantido.

O que aconteceu

Cid foi com seus advogados. Ele chegou à corporação às 10h56, acompanhado de seu advogado Cezar Bittencourt, em Brasília. Ele foi ouvido somente pelo delegado da PF Fabio Shor. O ministro Alexandre de Moraes não esteve presente.

Tenente-coronel não foi preso após ser ouvido. Ele terminou o depoimento por volta das 13h30 e foi liberado. A defesa levou o militar para sua casa, em Brasília, e saiu sem falar com a imprensa.

Acordo de delação continua mantido. Ele precisa cumprir as medidas cautelares determinadas pelo Supremo, como utilizar tornozeleira eletrônica, proibição de usar redes sociais e fazer recolhimento domiciliar noturno. Os benefícios estão condicionados à colaboração de Cid, que precisa contar tudo o que sabe sempre que foi requisitado pelas autoridades, sem mentir nem ocultar nada. Tudo o que Cid já apresentou às autoridades judiciais segue válido, assim como seus depoimentos anteriores.

cid - Sergio Lima/AFP - Sergio Lima/AFP
Mauro Cid deixa a Polícia Federal após depoimento nesta sexta
Imagem: Sergio Lima/AFP

PF apura se Cid tentou fugir do Brasil. Investigações mostraram que o ex-ministro do Turismo Gilson Machado tentou obter um aporte português para o tenente-coronel no consulado de Portugal no Recife em 12 de maio deste ano.

PGR viu risco de fuga após família de Cid viajar. A PGR (Procuradoria-Geral da República) pediu a Alexandre de Moraes, relator da ação no STF (Supremo Tribunal Federal), que fosse ordenada a prisão de Machado e feitas buscas na casa de Cid.

Machado, aliado de Bolsonaro, foi preso hoje no Recife. Na última terça, o ex-ministro disse ao UOL que ficou sabendo da investigação pela imprensa e que não foi a consulado nenhum.

O militar itiu que solicitou cidadania portuguesa em 2023, mas que não tinha conhecimento da iniciativa de Machado. Ao STF, a defesa de Cid disse que o pedido foi em 11 de janeiro de 2023 —logo depois dos atos golpistas de 8 de Janeiro. Segundo o advogado Cezar Bittencourt, o pedido foi feito "única e exclusivamente" porque a esposa e filhas de Cid já têm a cidadania.

A delação de Mauro Cid é central para a denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) contra os acusados de tramarem um golpe de Estado para manter Bolsonaro no poder após a derrota nas eleições de 2022. O ex-presidente, Mauro Cid e mais seis aliados são acusados de cinco crimes: organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Se condenados, as penas somadas para cada um podem chegar a 46 anos de prisão.

Cid foi interrogado pelo STF nesta semana, e pontos da delação e do depoimento são contestados pelos demais acusados. Bolsonaro, por exemplo, disse que não tratou de golpe, como disse o tenente-coronel, apenas discutiu "hipóteses previstas na Constituição" com os comandantes das Forças Armadas.

Cid já foi preso em 2023 e 2024. A primeira vez foi sob a acusação de ter fraudado o cartão de vacinação. Ele ficou preso por cinco meses, e foi solto cinco meses depois após fechar o acordo de delação premiada. A segunda foi por causa de áudios vazados de Cid, criticando o STF e a PF e dizendo que teria sido coagido em seus depoimentos. Depois de dois meses, ele foi solto e disse que as mensagens foram apenas "desabafos" e não correspondem à verdade.

STF vai decidir ao final do julgamento se mantém os benefícios previstos no acordo. Eles são avaliados ao final do julgamento da ação penal, quando o Supremo vai avaliar se a colaboração foi efetiva e se é necessária alguma medida complementar para punir Cid.

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