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Stephen Miller, o cérebro por trás da repressão migratória nos EUA

11/06/2025 20h58

Para Stephen Miller, o arquiteto da política migratória do presidente americano, Donald Trump, os protestos de Los Angeles que estão sendo reprimidos não são nada além da linha de frente de uma guerra "para salvar a civilização".

Miller, conhecido pela lealdade, se tornou um dos assessores mais influentes no tema preferido do presidente republicano: a imigração.

Aos 39 anos, ele ou a ser um rosto habitual às portas da Casa Branca, onde geralmente apoia publicamente as declarações de Trump e responde a perguntas dos jornalistas.

Sempre vestindo ternos elegantes, ele dá voz aos argumentos da extrema direita sobre o suposto declínio do Ocidente devido a uma "invasão" de imigrantes.

Para ele, o tema é existencial.

Pelas suas declarações, pode-se deduzir que tem alguma influência sempre que Trump tenta estender o poder executivo a limites sem precedentes, como o uso até mesmo de leis de emergência para deportar imigrantes.

O subchefe de gabinete de estratégia política e assessor de segurança nacional também está na linha de frente quando se trata de implementar as políticas de Trump. 

Segundo o jornal The Wall Street Journal, foi Miller quem, em maio, ordenou ao Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas (ICE, na sigla em inglês) que redobrasse seus esforços porque o número de deportações diárias era inferior ao do ano anterior, sob o mandato de Joe Biden.

- "Voldemort" -

Em Los Angeles, esta ordem provocou uma operação do ICE em uma loja de materiais de construção que desencadeou confrontos entre manifestantes e a polícia, após os quais Trump decidiu enviar soldados, contrariando a opinião do governador da Califórnia, o democrata Gavin Newsom.

Desde então, o assessor, que cresceu em Santa Monica, no condado de Los Angeles, tem defendido firmemente a decisão do presidente, acusado de autoritarismo.

"Levamos anos dizendo que esta é uma luta para salvar a civilização. Qualquer um com olhos pode ver isso agora", opinou Miller na rede social X no domingo.

Nascido em uma família judia cujos pais estudaram em algumas das melhores universidades, o perfil de Miller, a princípio, se encaixava mais com o de um democrata.

Mas, desde o ensino médio e depois na Universidade Duke, na Carolina do Norte, ele defendeu ideias da direita radical.

David Horowitz, um influente ideólogo conservador, abriu-lhe as portas dos círculos ultraconservadores, onde conheceu Steve Bannon e Tucker Carlson antes de se juntar à primeira campanha de Trump, aos 30 anos.

No segundo mandato do magnata republicano, Miller defende o projeto de lei orçamentária, que inclui medidas contra os imigrantes.

"Debateremos esses assuntos sobre as ruínas do Ocidente se não controlarmos a migração", escreveu em 4 de junho.

O entorno do governador Newsom o chama de "Voldemort", como o personagem maligno da saga de Harry Potter.

- "O cérebro de Trump" -

Durante o primeiro mandato de Trump (2017-2021), as ideias de Miller pareciam um pouco marginais.

Ele foi um dos artífices das restrições de entrada nos Estados Unidos impostas aos cidadãos de países predominantemente muçulmanos, que posteriormente enfrentaram obstáculos nos tribunais.

O assessor apoiou incondicionalmente seu chefe quando os manifestantes pró-Trump invadiram o Capitólio em 6 de janeiro de 2021, em uma tentativa de impedir a certificação da vitória eleitoral de Biden.

"Stephen Miller é o 'cérebro de Trump'", declarou Kevin McCarthy, ex-presidente da Câmara dos Representantes, ao jornal The New York Times pouco antes da posse do presidente republicano, em 20 de janeiro.

McCarthy indignou os democratas ao dizer que a Casa Branca tinha a intenção de suspender a capacidade dos imigrantes de contestar suas deportações nos tribunais.

Miller obteve recentemente uma vitória quando a emissora ABC demitiu um de seus principais jornalistas, Terry Moran, por tê-lo descrito como um "odiador de nível mundial".

Ele é casado. A esposa, Katie, trabalhará para uma das empresas de Elon Musk depois de ter sido sua assessora.

Assim, é possível imaginar que o casal tenha acabado em lados opostos na monumental disputa pública entre Trump e o bilionário chefe da X, Tesla e SpaceX.

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© Agence -Presse

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