'Genocídio premeditado': Lula critica Israel e se emociona sobre Palestina
O presidente Lula se emocionou hoje na França ao defender a Palestina e disse que Israel comete um "genocídio premeditado" contra mulheres e crianças na Faixa de Gaza.
O que aconteceu
Lula disse que palestinos não podem ser tratados como "cidadãos de segunda categoria". '"São seres humanos como todos nós (...). Estamos vendo um genocídio na nossa cara todo santo dia", criticou o petista, em tom exaltado, durante fala a jornalistas ao lado do presidente da França, Emmanuel Macron. Ao final da entrevista, Lula pediu desculpas "pela emoção" e afirmou que não se pode perder a capacidade de indignação.
O presidente afirmou que as grandes potências mundiais precisam dar "um basta" nos ataques de Israel ao povo palestino. Lamentou ainda o fato de que, segundo ele, o "mundo se cala diante de um genocídio" em que vítimas são civis, e não soldados e integrantes do grupo terrorista Hamas. "O que está acontecendo em Gaza é um genocídio altamente preparado, contra mulheres e crianças. É contra isso que a humanidade tem que se indignar", disse.
Sem citar Donald Trump, Lula rechaçou as falas do presidente americano sobre retirar palestinos de Gaza para construir uma "riviera do Oriente Médio" no enclave. O petista afirmou que o local não pode ser tratado como "área de lazer" e, sim, como um território conquistado pelo povo palestino depois de "muito sacrifício". "Precisamos garantir que eles construam, em harmonia com o Estado de Israel, o direito de viver."
Lula repetiu que o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, faz uma guerra contra os interesses dos israelenses. "Ao povo judeu, também não interessa essa guerra. Interessa a paz", criticou.
O presidente voltou a lamentar o que vê como enfraquecimento da autoridade da ONU (Organização das Nações Unidas) perante o mundo. Ele disse que o organismo internacional precisa ter "autoridade" para preservar o território palestino e avaliou que o órgão, que completa 80 anos em 2025, sofre de "grave déficit de legitimidade e eficácia". Diante desse quadro, Lula defendeu novamente a reforma no Conselho de Segurança da ONU, para que um novo grupo de países tenha assento permanente no órgão.
Nesta semana, a Conib (Confederação Israelita do Brasil) acusou Lula de atacar os judeus. Em nota, a entidade reagiu a um pronunciamento no qual o presidente disse que os defensores de Israel têm de "parar com esse vitimismo" e saber que "o que está acontecendo na Faixa de Gaza é um genocídio". Para a Conib, as falas de Lula "provocam um aumento imediato de ataques contra os judeus e Israel nas redes sociais brasileiras, alimentando o antissemitismo que o presidente minimiza como vitimismo e pondo em risco a comunidade judaica brasileira."
Lula está na França para agendas com o presidente Emmanuel Macron. Hoje, o petista assinou uma série de acordos do Brasil com o país, após participar de uma reunião com o dirigente francês em Paris.
O presidente brasileiro cobrou de Macron a do acordo comercial entre União Europeia e Mercosul. Ao lado do francês, Lula pediu que ele "abra o coração" para que o acerto entre os blocos de países seja sacramentado. A França se opõe ao acordo nos termos atuais.
O que disse Lula
Desculpe a emoção, mas é triste. É triste saber que o mundo se cala diante de um genocídio, em que a grande vítima não é soldado que está em guerra, mas milhares de crianças. Sinceramente, o dia em que eu perder a capacidade de me indignar, eu não mereço ser dirigente do meu país.
Não é possível a gente aceitar uma guerra que não existe e, sim, um genocídio premeditado que um governante de extrema direita que está fazendo, uma guerra, inclusive, contra os interesses do seu próprio povo. Porque, a Israel, ao povo judeu, também não interessa essa guerra. Interessa a paz.
Não podemos permitir os discursos do presidente de Israel, que diz todo dia que quer ocupar a Faixa de Gaza, o outro diz que quer fazer um hotel, uma área de lazer, quando, na verdade, aquilo é um território que um povo conquistou depois de muito sacrifício, e precisamos garantir que eles construam, em harmonia com o Estado de Israel, o direito de viver. É importante que as potências mundiais deem logo um basta nisso.
Esses dias, sofremos com a morte de dois judeus na embaixada de Israel nos Estados Unidos. No mesmo dia, duas crianças carregando um saco de farinha foram mortas. E não houve a solidariedade que houve aos dois que foram mortos na embaixada. Não podemos tratar os palestinos como se fossem cidadãos de segunda ou terceira categoria. São seres humanos como todos nós.
Presidente Lula, em declaração a jornalistas ao lado do presidente da França