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Ela paquerou noivo em velórios e entrou no casamento de carro funerário

do UOL

Do UOL, em São Paulo

02/06/2025 05h30

Daniela Signor Scariot, 33, e Apollo Scariot, 31, se casaram no último dia 17 de maio, em Pinhalzinho, Santa Catarina, e surpreenderam todos os convidados logo na entrada: a noiva chegou à cerimônia em um carro funerário.

A escolha inusitada, porém, faz todo o sentido quando se conhece a história dos dois — que trocaram os primeiros olhares justamente durante um velório.

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Paquera no velório por dois anos

O começo do relacionamento aconteceu entre coroas de flores, lágrimas e despedidas. Daniela, profissional de educação física e terapeuta holística, morava em Sul Brasil, cidade vizinha a Pinhalzinho, onde Apollo trabalhava como agente funerário. Não era coincidência quando ela aparecia em tantos velórios.

Apollo e Daniela cruzaram os olhares a primeira vez em um velório - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Apollo e Daniela cruzaram os olhares a primeira vez em um velório
Imagem: Arquivo pessoal

"Então, a gente se conheceu no velório. Nossa primeira troca de olhares foi no velório", conta Daniela. "Eu visitava, não assim, por um motivo específico, a cidade é pequena, então todo mundo conhece todo mundo, então por uma razão ou outra, a gente sempre acabava ando para dar um abraço na família, mas eu queria mesmo era ir olhar para o dono da funerária, ver se ele me notava", continua.

Apollo, hoje sócio-proprietário da Funerária Dom Santo, confirma a insistência discreta da agora atual esposa: "Ela ficou dois anos visitando os velórios na cidade onde ela morava, pra me ver [...] meio de olho em mim e eu nunca dei atenção, pois na época era casado", lembra ele.

Foguinho na rede social foi pontapé para 'até que a morte nos separe'

Carro funerário tinha uma faixa com a frase: 'até que a morte nos separe' - arquivo pessoal - arquivo pessoal
Carro funerário tinha uma faixa com a frase: 'até que a morte nos separe'
Imagem: arquivo pessoal

Depois de dois anos de olhares discretos em velórios, o destino precisou de um empurrão moderno: um emoji de foguinho. Apollo era casado quando foi inicialmente observado por Daniela, mas após o fim da relação, ela tomou coragem.

"Depois de um tempo ela me mandou um foguinho nas redes sociais e aí a gente começou a conversar", conta Apollo. "No outro dia a gente já se encontrou e aí já viu que nossos planos e metas de vida eram na mesma linha", lembra ele.

O relacionamento avançou rápido: em quatro meses, casamento civil. Dez meses depois, a cerimônia oficial — com direito ao carro da funerária e uma faixa no vidro traseiro: "Até que a morte nos separe".

"O carro da funerária no nosso casamento significou o nosso começo", diz Apollo. "Porque ela me conheceu através da funerária, do meu trabalho."

Muitas pessoas entram com moto, com cavalo, com trator, no nosso relacionamento, o carro funerário realmente faz parte.
Apollo Scariot, 31, agente funerário

A entrada de Daniela com o carro funerário no dia do casamento foi, segundo o casal, uma homenagem ao início da relação. "Como a funerária, os funerais estavam presentes no início da nossa história, quando eu dei a ideia de entrar no carro, ele [Apollo] topou na hora", explica ela.

"Durante os nossos votos, a gente conta a nossa história, então os convidados que ficaram espantados entenderam o porquê da entrada com o carro,", diz Daniela.

Maneira diferente de enxergar a morte

Para muitos, a morte é tabu. Para Daniela e Apollo, é apenas parte da jornada — e também da vida a dois. Ele trabalha há 11 anos com velórios e sepultamentos, e garante que essa rotina moldou sua maneira de pensar.

"Em questão de mortes, eu tive perdas significativas, sim ao longo da vida, mas tento olhar com uma visão de que, depois dela, tem muito mais, que não é o fim", diz Daniela.

A gente não quis desrespeitar os nossos clientes, as famílias que a gente já atendeu, entramos mesmo com o carro da funerária porque faz parte da nossa história.
Apollo Scariot, 31, agente funerário e sócio-proprietário da Funerária Dom Santo

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