Homem que ajudou irmão a jogar corpo da ex-mulher no rio Tietê é solto

O homem que ajudou o irmão a jogar o corpo da promotora de eventos Amanda Caroline de Almeida, 31, no rio Tietê, em São Paulo, foi solto hoje.
O que aconteceu
Henrique de Souza Ribeiro, 38, é acusado pelo crime de ocultação de cadáver. Em depoimento à polícia, ele negou participação na morte de Amanda, mas confessou que ajudou o irmão, Carlos Eduarda de Souza Ribeiro, 35, a esconder o corpo da promotora de eventos.
Tribunal de Justiça concedeu liberdade provisória. "Como foi devidamente esclarecido que Henrique não matou, e que só houve acusação contra ele da prática do crime de ocultação de cadáver, ontem foi concedida a liberdade e ele saiu da prisão hoje", afirmou o advogado Ricardo Martins, que defende os dois irmãos.
Justiça de São Paulo manteve prisão do ex-marido da vítima. Em decisão expedida ontem, a juíza Élia Kinosita converteu a prisão em flagrante de Carlos Eduardo para preventiva.
Acusado confessou o crime, mas afirmou que não tinha intenção de matar a ex-esposa. Segundo o advogado Ricardo Martins, Carlos contou que teve uma discussão com Amanda na casa dela e cometeu o crime, no dia 19 de maio. A causa da morte foi asfixia.
Um dia após o crime, Carlos ligou para Henrique e pediu ajuda para esconder o corpo. Os irmãos retornaram ao local do crime, enrolaram o cadáver em dois lençóis e o colocaram no porta-malas de um carro. De lá, dirigiram até a ponte Piracema, na cidade de Barueri, e jogaram o corpo no rio Tietê.
Corpo de Amanda só foi encontrado no dia 29 de maio. O cadáver estava na barragem Edgar de Souza, em Santana de Parnaíba, na região metropolitana de São Paulo.
O velório e o enterro da promotora de eventos acontecem hoje em Osasco, onde a família vivia. "A Justiça tem que ser feita, porque foi muita crueldade da parte dele. Para quem dizia que amava demais, não podia fazer uma coisa dessas... Eu confiava demais neles e, até hoje, não dá para entender. Como que pôde fazer isso?", disse Eliane Almeida, mãe de Amanda, em entrevista à TV Globo.
Ex-marido não aceitava fim do relacionamento
Relacionamento do casal durou 16 anos e eles tiveram três filhos de 14, 7 e 5 anos. Conforme a polícia, o casamento teria terminado há cerca de dois ou três meses.
Casamento era conturbado, com brigas e agressões. Na denúncia enviada pelo Ministério Público de São Paulo, ele é descrito como possessivo, ciumento e controlador. As autoridades relatam que ele não aceitava o fim do casamento e não ava a ideia de ela se relacionar com outra pessoa.
Na noite do desaparecimento de Amanda, um amigo do trabalho deu carona para a promotora. Segundo o delegado José Luiz Nogueira, do 4° DP de Osasco, ao chegarem no local, a vítima estranhou a presença do carro do ex-marido, mas mesmo assim se despediu do amigo e entrou na residência.
O acusado vigiava a casa da vítima. Segundo a denúncia, ele tinha uma chave e entrou no imóvel na madrugada do dia 19 de maio, ficando lá até que ela chegasse para surpreendê-la.
Inicialmente, suspeito negou envolvimento com o desaparecimento da ex-mulher. Ele teria dito em depoimento que viu Amanda pela última vez no domingo (18) e justificou ter deixado o carro perto da casa dela após problemas mecânicos no veículo.
Imagens de câmeras de segurança mostraram duas pessoas saindo da casa de Amanda com algo parecido com um corpo enrolado em um cobertor. Ao ser confrontado com essa informação, Carlos teria mudado sua versão dos fatos e confessado o crime, apontando o irmão como cúmplice, segundo a polícia.
Em caso de violência, denuncie
Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie.
Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.
Também é possível realizar denúncias pelo número 180 — Central de Atendimento à Mulher — e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.