Ucrânia sofre ataque de drones russos em larga escala em meio à troca de prisioneiros
Rússia e Ucrânia começaram a libertar soldados e civis detidos, na maior troca de prisioneiros desde o início da guerra, há mais de três anos. Enquanto isso, os combates continuam. Moscou lançou um ataque massivo de drones em Kiev durante a noite de sexta-feira (23). O Ministério da Defesa russo afirmou, neste sábado (24), que atingiu "empresas do complexo militar-industrial" e "posições do sistema antiaéreo Patriot" entregues por Washington ao governo ucraniano.
A Força Aérea Ucraniana também afirmou ter "derrubado seis mísseis balísticos Iskander-M/KN-23 e desativado 245 (drones) UAVs inimigos da classe Shahed", de um total de 14 mísseis e 250 drones. A capital Kiev foi "o alvo principal" do ataque.
Explosões foram ouvidas na capital durante a noite. O prefeito e a istração civil e militar de Kiev relataram vários incêndios e destroços de mísseis e drones caindo sobre prédios em muitas partes da cidade.
"Somente sanções adicionais direcionadas a setores-chave da economia russa forçarão Moscou a cessar fogo", disse o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, no sábado, no X, acrescentando que "a causa do prolongamento da guerra está em Moscou".
Cessar-fogo distante
Os ataques ocorrem em meio a uma troca de prisioneiros, acordada em Istambul, em meados de maio, o único resultado tangível das primeiras negociações diretas entre russos e ucranianos.
Cerca de 400 soldados e civis ucranianos e russos foram libertados na sexta-feira. A Rússia anunciou no sábado que 307 soldados russos capturados foram trocados pelo mesmo número de soldados ucranianos, marcando a segunda fase de uma troca recorde de prisioneiros entre Kiev e Moscou.
Em um comunicado citado pela AFP, o Ministério da Defesa russo informou que os soldados estão atualmente em Belarus, onde recebem "assistência médica e psicológica".
Em dois dias, 697 pessoas foram repatriadas. "Esperamos que a troca continue amanhã", disse o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky na rede X.
Apesar de um cessar-fogo parecer distante, o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, indicou na sexta-feira que Moscou estava trabalhando em um documento estabelecendo "as condições para um acordo duradouro, abrangente e de longo prazo para a solução" do conflito, que será enviado à Ucrânia assim que a troca de prisioneiros for finalizada. Kiev deve fazer o mesmo, impondo suas próprias condições.
Trocas trazem surpresas
A Rússia fornece pouca informação sobre o destino dos prisioneiros ucranianos e cada libertação traz novas revelações, disse um alto funcionário ucraniano à AFP sob condição de anonimato.
"Em quase todas as trocas, há pessoas sobre as quais ninguém sabia nada", disse ele. "Às vezes, eles nos devolvem pessoas que estavam em listas de desaparecidos ou que foram consideradas mortas."
A troca de prisioneiros e corpos de soldados mortos em combate continua sendo uma das últimas áreas de cooperação entre Kiev e Moscou.
A libertação de sexta-feira foi anunciada por Donald Trump, que disse querer levar os dois lados a negociações para acabar com o "banho de sangue" o mais rápido possível.
"Parabéns a ambos os lados por esta negociação", escreveu o presidente dos EUA em sua rede social Truth.
(RFI com AFP)