Da favela para o mundo! Conheça Rodrigo Sezinando, o 'brasileiro canadense' do TUF 33
Na noite da última terça-feira (27), a 33ª edição do 'The Ultimate Fighter' teve início com a estreia de seu primeiro capítulo mundo afora. E para chegar entre os 16 participantes do reality show e sonhar com uma vaga no UFC, principal liga de MMA do mundo, Rodrigo Sezinando precisou percorrer um longo caminho. Mais precisamente cerca de 11.220 km, distância média de onde nasceu até onde o esporte o levou atualmente. Cria do Rio de Janeiro e radicado em Vancouver, conheça o 'brasileiro canadense' que promete roubar a cena no 'TUF 33'.
Nascido na 'Cidade Maravilhosa', Rodrigo teve seu primeiro contato com as artes marciais aos 14 anos de idade, quando o jiu-jitsu entrou em sua vida. Após chegar à faixa-preta da arte suave e se tornar campeão brasileiro com e sem quimono, o atleta optou por migrar para o MMA, onde descobriu uma nova paixão. Hoje, aos 27, Sezinando é dono de um cartel de oito vitórias e apenas um revés - retrospecto que o fez despertar o interesse do Ultimate e ser um dos contemplados com uma vaga na atual edição do TUF. Ainda não conhecido do grande público, o carioca apresentou suas credenciais como lutador.
"Me considero um lutador 'mais para frente'. Estou sempre buscando a finalização ou o nocaute. Podem ver no meu cartel, não tenho muitas lutas por decisão. Busco sempre ou o nocaute ou finalização. Sou bem versátil, definitivamente um lutador de MMA. Não me importo de fazer trocação ou luta agarrada. Vou colocar meu nome no show, estar ali até o último homem estar de pé. Podem esperar um cara para frente nessa categoria e com o coração e mente aberta para aprender muito para, um dia, ser o campeão da categoria. Meu objetivo é o cinturão (do UFC)", destacou o brasileiro, em entrevista exclusiva à Ag Fight.
Brasil e Canadá no coração
Rodrigo iniciou sua carreira no MMA no cenário nacional, representando a filial de Niterói (RJ) da 'Nova União'. Após um início promissor na modalidade, veio o convite para se testar internacionalmente no evento 'Battlefield Fight League'. De olho em ampliar a própria carreira, Sezinando aceitou a oferta e causou uma ótima primeira impressão, ao ponto de ser convidado pelo show canadense a ficar no país em definitivo.
"Migrei para um evento internacional, no Canadá. E acabei me mudando para lá logo após. Pedi uma oportunidade e eles me deram. Me abraçaram logo após a luta, que eu nocauteei. Eles gostaram muito de mim e perguntaram se eu queria ficar. Obviamente falei que sim, não tinha muita opção no Brasil. Venho de uma família muito simples e humilde e tinha que fazer as coisas acontecerem", relembrou.
Foi na virada de 2022 para 2023 que Rodrigo fez sua primeira viagem internacional para o país que acabaria se tornando seu novo lar. Radicado em Vancouver (CAN), o brasileiro se mantém ativo na academia 'Lion MMA' - apesar de manter o vínculo com a 'Nova União' aceso, sempre que possível. Abraçado como um local, Sezinando aumentou sua bagagem, aprendeu novos idiomas e viu o Canadá conquistar um espaço inesperado em seu coração. Não à toa, o atleta leva uma bandeira dividida para seus combates (veja abaixo ou clique aqui).
"A galera de lá me abraçou muito. Me sinto tão em casa lá quanto no Brasil. Hoje, no TUF, vou estar defendendo Canadá e Brasil. Até por uma forma de gratidão por como eles (canadenses) me abraçaram lá. Eles me fizeram sentir em casa. Para mim, é uma coisa muito especial. É minha primeira família e agora tenho a minha segunda casa, meu segundo time. Quando fui, só falava português. Hoje consigo falar inglês e também espanhol. Foi uma bagagem imensa que tive lá. Consigo conversar hoje em três idiomas diferentes", exaltou Sezinando.
Origem humilde
A vida de Rodrigo sempre foi repleta de desafios. Até pela origem humilde, o brasileiro mergulhou de cabeça quando lhe foi oferecida a chance de competir internacionalmente. Mas correr atrás do sonho de ser um lutador profissional bem-sucedido não veio sem abdicações. Uma delas foi se afastar da mãe, dona Vânia, um de seus pilares e principais incentivadoras. Ela é uma, dentre tantas outras, razões pelas quais Sezinando segue firme na meta de 'vingar' e eventualmente chegar até o UFC.
"Não tem como tirar isso de mim. Vou ser sempre o cara que veio da favela, preto, de família humilde. E cheguei ao mais alto nível, que é o TUF. Para mim, isso diz muito. Mostrei que é possível irmos para outros países e fazer as raízes lá também, ser respeitado. É algo diferenciado. Foi bem difícil ter que deixar ela (mãe) aqui (no Brasil). Conversei com ela, sabia que seria o melhor para a gente. Falei para ela: 'Só volto para cá quando puder te dar uma qualidade de vida melhor'. Continuo trabalhando e na correria. Quero alcançar o mais alto nível no UFC. Quero com o UFC um dia e lutar pelo cinturão, fazer o meu nome", resumiu.
Relação com projetos sociais
Quando ainda era jovem, Rodrigo ou por projetos sociais que o auxiliaram no processo de evolução como atleta e, sobretudo, cidadão. Ciente da importância dessas instituições, hoje o lutador de 27 anos se envolve em diversos projetos para retribuir o que lhe foi oferecido e, acima de tudo, apresentar uma nova perspectiva de vida para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. 'Projeto Acolher', 'Casa Reviver' e 'Sempre Criança' são alguns dos projetos no qual o brasileiro está envolvido como colaborador.
"Fui aluno de projeto social. Tento dar o meu melhor como exemplo, pessoa e atleta. Trazer esperança para essa galera da comunidade, que tem família simples, que vem da onde eu venho. 'Gente da gente', como a gente fala. Quero ser inspiração para essa molecada. Uma coisa diferente que eles possam ver, não só o caminho errado na vida deles, que pode levar à morte ou à cadeia, que é a realidade hoje. Quero trazer esperança para essas famílias. Abrir mais projetos sociais, já tenho um projeto social que faço parte. Estava sempre ajudando, mesmo quando eu precisava de ajuda. Esse é um dos meus maiores objetivos", frisou o brasileiro.
Edição especial do TUF
Na atual temporada, o programa 'The Ultimate Fighter' completa 20 anos de existência. Até por isso, foram escolhidos participantes de renome - todos em posse de algum cinturão ao redor do mundo. Os treinadores da 33ª edição são Daniel Cormier e Chael Sonnen. A dupla terá a responsabilidade de conduzir 16 atletas de duas categorias de peso diferentes: peso-mosca (57 kg) e meio-médio (77 kg). Em ação na divisão até 77 kg, Rodrigo projetou que os fãs de MMA terão bastante entretenimento acompanhando o reality show do UFC.
"Tudo que posso dizer é que foi uma experiência bizarra. Tive uma das melhores experiências da minha vida, como pessoa e também como atleta. A casa faz você ficar meio louco. Porque você fica longe da família, amigos, redes sociais, de tudo. Vocês podem esperar muito desta temporada, muito drama, discussão. Vai ter muita coisa acontecendo nessa casa (risos). Vocês não podem piscar. Muito drama, coisa boa e ruim. Mas para (saber) isso vocês vão precisar assistir o TUF 33. Vou deixar esse suspense no ar. Mas foi a melhor experiência da minha vida, sem dúvida nenhuma", concluiu Sezinando.
A trajetória de Rodrigo no The Ultimate Fighter 33 pode ser acompanhada semanalmente através do UFC Fight - plataforma que transmite o programa no Brasil. Ao lado de outros três atletas tupiniquins também envolvidos no reality, Sezinando busca seu lugar na grande decisão para, então, sonhar com a possibilidade de reforçar o plantel do UFC no futuro.
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