Topo
Entretenimento

Advogado compara músicas de Poze a filmes de Hollywood: 'Não é apologia'

do UOL

De Splash, em São Paulo

29/05/2025 15h50

O advogado do MC Poze do Rodo comparou as músicas do funkeiro a produções de Hollywood após ser questionado sobre o conteúdo das faixas.

O que aconteceu

Fernando Henrique Cardoso Neves negou que as faixas fazem apologia ao crime. "Não se trata de uma apologia ao criminoso, mas sim de liberdade de expressão e liberdade artística", disse, em entrevista ao Portal Leo Dias.

Afirmar [que as músicas de Poze fazem apologia ao crime] seria tão real quanto falar que o diretor de 'A Lista de Schindler' é uma pessoa nazista ou que o diretor de 'Bastardos Inglórios' apoia organizações criminosas que fazem tortura. Fernando Henrique Cardoso, advogado de Poze

Em nota a Splash, a defesa de Poze do Rodo diz que as acusações "não fazem sentido". "Nosso cliente foi surpreendido com um mandado de busca e apreensão e prisão temporária em sua casa hoje."

Negam-se todas as ilações feitas, posto que não há acusação formal, e que jamais poderia ser feita, já que peças artísticas não podem sequer serem cogitadas para averiguação de letras ou significados permitidos ou proibidos.

O pedido de liberdade do artista será feito até restabelecê-la, e posteriormente se demonstrará que as afirmações da investigação sobre o artista não fazem qualquer sentido.

A equipe do músico também disse que a prisão é uma "criminalização da arte periférica". "A acusação de associação ao tráfico e apologia ao crime não fazem o menor sentido, Poze é um artista que venceu na vida através de sua música".

Muitos músicos, atores e diretores têm peças artísticas que fazem relatos de situações que seriam crimes, mas nunca são processados, porque se tratam justamente de obras de ficção. A prisão do Poze, ou mesmo a prisão de qualquer MC nesse contexto é na realidade criminalização da arte periférica, uma perseguição, mais um episódio de racismo e preconceito institucional, a forma absurda que o Poze foi conduzido é a maior prova disso.

Poze é investigado por apologia ao crime

Artista foi detido no Recreio dos Bandeirantes, zona oeste do Rio de Janeiro, por policiais civis da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE). De acordo com a polícia, as investigações apontam que o cantor realizava shows exclusivamente em áreas dominadas pelo CV. A "segurança" desses eventos era garantida pela presença ostensiva de traficantes com armamento de grosso calibre, como fuzis.

A operação tem como base o cumprimento de mandado de prisão temporária expedido pela Justiça, após evidências de que os shows realizados pelo artista são financiados pela organização criminosa Comando Vermelho, contribuindo para o fortalecimento financeiro da facção por meio do aumento do consumo de drogas nas comunidades onde os eventos são realizados. Polícia Civil, por meio de nota enviada a Splash

Um desses eventos foi realizado no dia 19 de maio deste ano, na comunidade da Cidade de Deus, com a presença de diversos traficantes armados. Segundo as investigações, o show ocorreu poucas horas antes da morte do policial civil José Antônio Lourenço, integrante da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), em uma operação policial na comunidade.

MC Poze  - Reprodução/Globo - Reprodução/Globo
MC Poze do Rodo é preso por envolvimento com facção criminosa
Imagem: Reprodução/Globo

Repertório musical do cantor também está sob investigação, pois as letras fariam apologia ao tráfico de drogas, ao uso ilegal de armas de fogo e incitariam confrontos armados entre facções rivais.

A Polícia Civil reforça que as letras extrapolam os limites constitucionais da liberdade de expressão e artística, configurando crimes graves de apologia ao crime e associação para o tráfico de drogas. As investigações continuam para identificar outros envolvidos e os financiadores diretos dos eventos criminosos.

Ao deixar a delegacia, o funkeiro disse ser vítima de uma "perseguição". "Essa implicância comigo já é de muito tempo. [...] Isso é perseguição, é cara de pau. [...] Quem [eles] têm que pegar tá lá no morro, não sou eu", disse, em resposta a um repórter.

Entretenimento