Dólar cai a R$ 5,67, e Bolsa recua com temor de redução nos juros dos EUA
O dólar e a Bolsa fechou em queda no primeiro pregão do mês de junho. A moeda norte-americana recuou 0,75% e terminou negociada a R$ 5,675. Já o Ibovespa fechou em queda de 0,18%, após desabar 1,8% no acumulado dos últimos três pregões.
O desempenho do mercado reflete o rebaixamento da nota brasileira de crédito, as restrições chinesas ao frango brasileiro, o aumento das tarifas para importação de aço pelos Estados Unidos e a perspectiva de corte nos juros americanos.
O que aconteceu
Dólar comercial fechou em queda. Ao longo do dia, a moeda chegou a cair mais, atingindo R$ 5,67 por volta das 10h26. Depois começou a se valorizar antes de voltar a cair e terminar o dia vendida 0,76% mais barata do que na sexta (30).
A desvalorização do dólar reflete o temor do mercado com a desaceleração da economia americana. "O que poderia resultar em uma política monetária mais acomodatícia por parte do [Banco Central americano] Federal Reserve, diminuindo a atratividade do dólar frente a outras moedas", afirma Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos.
O mercado também se antecipa ao fim da subida de juros nos EUA. "Embora o Federal Reserve tenha sinalizado que manterá os juros elevados por mais tempo, os investidores já antecipam que o ciclo de aperto monetário está se aproximando do fim, o que reduz a atratividade dos ativos em dólar", analisa Ângelo Belitardo, gestor da Hike Capital.
Ele lembra que o dólar não para de perder valor globalmente. O índice DXY —um indicador que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de moedas— "acumula queda de mais de 8% no ano e opera abaixo dos 100 pontos, o que indica um movimento de desvalorização", afirma.
Bolsa cai
Já a Bolsa de Valores brasileira fechou em queda. Após desabar 1,8% no acumulado dos últimos três pregões, o principal índice do mercado seguiu a mesma tendência no primeiro pregão de junho.
O índice começou o dia subindo 0,4%, mas não durou muito. O Ibovespa chegou a alcançar 137.576,41 pontos. Mas pouco tempo depois, o índice começou a cair, terminando o dia recuando 0,18%, a 136.786,65 pontos.
Tarifas sobre o aço nos EUA preocupam. Ao longo da manhã, o Ibovespa perdeu força "influenciado por declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre possíveis novas tarifas sobre metais, o que reacendeu preocupações sobre uma escalada nas tensões comerciais", diz Lima. "A medida impacta diretamente empresas brasileiras do setor siderúrgico", afirma Belitardo.
A revisão da nota de crédito do Brasil e restrições ao frango brasileiro causam tensão. "A agência Moody's alterou a perspectiva do rating soberano do Brasil para estável, aumentando as preocupações fiscais entre os investidores", diz Belitardo, que também menciona as restrições chinesas às importações de produtos avícolas brasileiros, "afetando negativamente o setor exportador nacional".
O rebaixamento
Moody's vê piora para resolução da dívida brasileira. O relatório da Moody's destaca que existe uma "deterioração acentuada na capacidade de pagamento da dívida" e um "progresso mais lento do que o esperado na resolução da rigidez dos gastos e na construção de credibilidade em torno da política fiscal".
A agência também reafirmou a nota "Ba1" do país, um degrau abaixo do chamado grau de investimento. Desde outubro do ano ado, a Moody's classifica o país um nível abaixo do grau de investimento. Em resposta, a Secretaria do Tesouro Nacional informou que o governo está empenhado em melhorar as contas públicas, esforçando-se para aumentar a arrecadação e segurar gastos.
A classificação de agências de risco guia o investimento estrangeiro. Com uma perspectiva pior, o investidor de fora pode investir menos dólares no país, afetando tanto a Bolsa quanto o câmbio.